Raquel dos Santos Correa e Wilverson Rodrigo Silva de Melo


O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS

Uma Convite a Reflexão...
A prática docente guarda o desafio de garantir o acesso ao saber historicamente construído e acumulado, abarcando ainda, as diversidades e singularidades sobre os contextos (tempo e espaço) e educandos, ou seja, levar para dentro do currículo o acervo cultural e histórico da humanidade além dos aspectos do vivido. O ensino deve ser diferenciado considerando fatores como perfil de aluno (exemplo, indígenas e quilombolas) e metodologia (ensino significativo e reflexivo).

Assim, pensar um ensino comprometido com a qualidade da educação torna-se um caminho trabalhoso, dependendo amplamente das subjetividades do professor. Portanto, preparar uma aula diferenciada é tarefa difícil, o docente deve ter domínio das ferramentas a serem utilizadas, objetivos e métodos avaliativos claros e definidos, horas extras para planejar, construir e pesquisar, ter a cotidianidade como ponto inicial e ainda dar conta dos conteúdos que preenchem o currículo. Nesse sentido, pretendemos explorar as possibilidades didáticas para o ensino de história nas séries iniciais.

Dentro desse panorama educacional de impregnação de ideologias da classe hegemônica faz-se “necessário um repensar imediato na forma de ministrar as aulas na disciplina de História” [OLIVEIRA, 2013:11], pois o ensino de história deve ultrapassar o status de repasse de fatos, datas e acontecimentos históricos, e contribuir para o desenvolvimento de consciências históricas e formação de cidadania dos atores envolvidos. Torna-se necessário travar encontros entre as disciplinas, sem desconsiderar as singularidades de cada uma, e desqualificando a hierarquização presente no currículo.

Ensinar história não se resume em decorar datas e repassar versões de acontecimentos passados. História é uma forma de linguagem do homem no tempo. Assim como preconiza Borges; Braga [2011]:

“O ensino de história não pode reduzir-se a memorização de fatos, a informação detalhada dos eventos, ao acúmulo de dados sobre as circunstâncias nas quais ocorreram. A história não é simplesmente um relato de fatos periféricos, não é o elogio de figuras ilustres. Ela não é um campo neutro, é um lugar de debate, as vezes de conflitos. É um campo de pesquisa e produção do saber que está longe de apontar para o consenso [BORGES; BRAGA, 2011, p.5]”.
            
O Ensino de História nas séries iniciais e algumas possibilidades didáticas: uma ou duas coisas que sei.
O ensino da história, deve ultrapassar a concepção tradicional e mecânica de didática em história, onde o professor se detém em ensinar fatos históricos e os conteúdos centrais representam uma forma de oralizar e reforçar o calendário, cabendo ao aluno, decorar uma serie de datas.

Ao professor recai o trabalho de tornar os conteúdos acessíveis a linguagem da criança, de modo a desperta-lhe a necessidade pelo conhecimento e clareza sob as confluências entre a história e a realidade.

“Então ao se estudar História seja qual for à modalidade na educação básica deve vir a ser compreendida como uma disciplina de reflexão da realidade e associação valores e mostrar para o aluno que ele é história não na forma de memorização de datas e fatos históricos, sim como pessoa dentro de um contexto social. A História não se limita só a fatos e datas, mas á torna um indivíduo um ser histórico e pensante da sua própria prática [SOUZA; SILVA, 2012, p.11]”.

Ao invés de admirar e vislumbrar figuras ilustres, o aluno precisa tomar para si o papel de protagonista da história, entender que a sua história (presente) é resultado e parte da história da humanidade, ele não é pois somente um ser do agora, e sim mergulhado em historicidade, onde sua história se mistura em alguns pontos (e até em todos) com o passado e o futuro, e o não conhecer e não compreender os caminhos trilhados pela sociedade até os dias atuais, pode implicar em reprodução do modelo social posto e reproduzido dentro da escola.

O processo de conscientização histórica se entrelaça com o trabalho do professor, requerendo uma reavaliar constante sob sua própria atuação, um recriar a cada turma e até a cada aluno, um olhar sensível diante das necessidades do aluno, um ensinar e aprender simultâneos. Todavia, a organização curricular acaba por limitar as possibilidades de temas e conteúdos a serem abordados pelo professor, não implicando em limitação didática, podendo dessa maneira, ser explorado diversas ferramentas dinâmicas e familiares a criança, considerando aspectos culturais, durante o planejamento, a prática docente e os diálogos com a turma.

Sobre isso Monteiro [2013] ressalta:

“Para ensinar história, como qualquer disciplina, realizamos (...) processos fundamentais: uma seleção cultural, ou seja, definimos entre os vários saberes disponíveis na sociedade, incluindo, atualmente, aqueles produzidos pela ciência, os saberes a serem ensinados às novas gerações. Esta seleção implica opções culturais, políticas, éticas possibilitando ênfases, destaques, omissões e negações. Esta seleção é sempre enraizada socialmente e é histórica, revelando interesses, projetos identitários e de legitimação de poderes instituídos ou a instituir, suscetível a mudanças e redefinições. Esta seleção se realiza e expressa nas propostas e nas práticas curriculares, processo de constituição do conhecimento escolar para a escola e pela escola [MONTEIRO, 2013: p.10]”.

Os conteúdos devem ser apresentados como elementos significativos e caminhos para a conscientização e análise crítica sobre o vivido. Contudo, a apresentação dos conteúdos em inúmeros casos, é pautada em aulas expositivas, no qual o discurso do professor se sobressai, configurando-se um desafio a ser superado, não se trata de abolir as aulas expositivas, mais torná-las dinâmicas e dialogadas e abrindo espaço para outras metodologias, como por exemplo, a produção de cartilhas pelos alunos, onde o professor pode selecionar um tema ou diversos conteúdos e solicitar que a turma crie outras versões, ou construa histórias em quadrinhos, textos ilustrativos, ou historias através de imagens, culminando na exibição do material entre a turma ou na escola.

O uso de recursos tecnológicos, aponta para a importância de constante atualização e aperfeiçoamento dos profissionais na educação, no que tange a formação e ao conteúdo, além de representar uma ponte entre o universo tecnológico para a infância e o saber sistematizado. É nesse sentido que o “ensino de história como outras disciplinas requerem que o professor tenha conhecimento e saiba utilizar as ferramentas tecnológicas em sua prática docente” [OLIVEIRA, 2013:20], assim, currículo, professor e conteúdo não devem possuir aspecto estático e homogenizador.

Entre as possibilidades didáticas de aplicabilidade do Ensino de História para as séries iniciais, pode-se destacar o uso do cinema, da arte, música, da literatura e do teatro, etc.

O cinema é um recurso lúdico, intimo ao universo infantil, sobre o qual o professor pode utiliza-lo como artificio introdutório a determinado tema, foco central da aula através de análises sobre o enredo do filme em relação ao conteúdo em questão, ou como elemento de conclusão, podendo exemplificar o assunto discutido em sala e abrir espaço para discussão. Considerando a limitação de tempo das aulas, é importante verificar a duração do filme e planejar como será exibido, podendo selecionar cenas, ou produzir o filme em várias sessões, ou escolher filmes, documentários e vídeos de curta duração.

A interpretação de quadros, fotografias ou artefatos históricos, permitem analises visuais, contato físico ou visual sobre o que se fala. Permite um olhar mais concreto na medida em pode ver-se os detalhes, cores e texturas.

O professor pode instigar a curiosidade do aluno, podendo desenvolver um roteiro de elementos a serem observados. Com o uso da fotografia por exemplo, pode perguntar aos alunos o que eles veem na tela, pedir que descrevam os detalhes, as entrelinhas da imagem, verificar elementos marcadores de tempo, como vestimentas ou cenário, e ainda analisar a data, o autor e o local onde fora produzido a obra.

A música, permite a narrativa de fatos e acontecimentos através de suas
letras, são pois histórias ritmadas, um recurso intimo ao contexto do aluno, que incorpora na aula um aspecto atrativo e diferenciado de se pensar história.

O teatro, por sua vez, pode ser inserido como a história dramatizada, um elemento (in)diretamente fixador de conteúdos quando o aluno é colocado a dramatizar. O professor pode trabalhar com peças teatrais prontas, colocando o aluno como telespectador diferenciado na medida em que é construído previamente um conjunto de elementos a serem observados posteriormente, mas também, pode ser analisado as impressões iniciais do aluno, aprofundando o tema a partir delas.

Já a literatura é carregada de marcas culturais, pois podem ser analisadas obras em grupos após leituras públicas ou individuais, possibilitando um canal distinto de se explorar valores, comportamentos, vestimentas, visão do mundo, de si e do outro, de outras culturas, sendo um caminho diversificado de periodização histórica.

O livro didático, é um recurso frequente na sala de aula, que contribui no processo de ensino-aprendizagem quando utilizado adequadamente, se configurando como elemento da cultura escolar [GARCIA, 2007]. É resultado de um conjunto de intenções comerciais e políticas que requer do professor um olhar crítico sobre os conteúdos presentes nele. “Também chamados de manuais didáticos ou manuais escolares, os livros didáticos podem ser compreendidos apenas como um recurso didático ou um suporte para o ensino” [GARCIA, 2007:5].

O professor deve escolher cautelosamente o material a ser utilizado, tendo domínio sobre o conteúdo a ser passado e analisado, permitir a expressão livre do aluno, e garantindo que o conteúdo seja adequado a faixa etária do aluno, para que a aula não se transforme em “sessão da tarde” e se debruce no vazio.

Os recursos audiovisuais não podem ser meras ilustrações do conteúdo ou exemplos do discurso do professor, devem seguir uma lógica e intenções claras sobre o que está sendo analisado.

A qualidade do ensino, perpassa a qualidade na formação docente, demandando uma formação densa e continuada dos profissionais da educação. Assim, o professor das séries iniciais, pedagogo em excelência, deve procurar fundamentar sua prática, não confundindo-se com historiador, mas dentro de suas atribuições planejar e propor um ensino de história diferenciado, como preconiza Oliveira [2013:20] ao parafrasear Paraná [2015]:

“(...) o professor deve organizar seu trabalho pedagógico baseando-se em fontes históricas diversas como documentos escritos, iconográficos, registros orais, testemunhos de histórias local, fotografia, cinema, quadrinhos, literatura e informática, esses materiais são de grande valia na constituição do conhecimento histórico e podem ser aproveitados de diferentes maneiras em aula”.

A mediação didática deve ser acompanhada de adaptações a linguagem do aluno e sua cognição, considerando que as informações contidas no livro didático tem um aspecto estático e homogêneo e, as narrativas oficiais são colocadas como verdades absolutas e reforçadas pelo calendário. Nesse sentido, a prática docente deve ultrapassar as páginas do livro didático, destituindo do livro, o papel de centralidade no campo da didática escolar.

Considerações finais
O professor pode trabalhar história a partir das imagens presentes no livro didático, quando possível ampliando e realizando analises em grupo; o professor pode realizar comparações entre as imagens do livro e imagens de revistas, sites, de outros livros, ou fotos registradas pelos próprios alunos; o professor pode trazer outras versões sobre os fatos descritos e comparar com a versão do livro.

Aliado as possibilidades didáticas, o professor deve organizar e pensar sobre os seus processos avaliativos, ora, do que adianta utilizar recursos diferenciados com métodos de avaliação inadequados para determinada faixa etária, ou sem critérios previamente escolhidos e explicados para o aluno? O avaliar contribui na qualidade do ensino, na medida em que permite um acompanhamento sobre o desempenho do aluno, assim como identifica as dificuldades e assertivas do educando, auxilia ainda no julgamento acerca da metodologia escolhida [HOLANDA; SILVA; HOLANDA, 2015].

O professor não deve se intimidar com as limitações do currículo, e sim priorizar e aperfeiçoar os caminhos metodológicos sobre o que pretende ensinar, ou seja, se requer do professor, uma postura crítica, de pesquisador, de ser político e comprometido com a qualidade do ensino e com o desenvolvimento pleno do educando.

Ensinar história necessita planejamento, transformando aulas engessadas em momentos sistematizados ludicamente, onde o aluno é posto a pensar e refletir sobre o que sendo discutido, se reconhecendo como fruto e produtor da história.

Os recursos didáticos audiovisuais não devem ser utilizados como “passa tempo”, e sim com objetivos nitidamente definidos de modo a ocuparem nos planos de aula, espaço de suporte didático. Os suportes técnicos devem ser agregados as aulas, sendo ferramentas de domínio do professor.

Um ensino diferenciado significa reinventar e elaborar a prática docente, destacando a necessidade de atualização e formação continuada, é a possibilidade de permitir a formação integral e reflexiva do educando, além de compreender que educação e história são construções “coletivas”.

Referências
Raquel dos Santos CorreaÉ acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: raquel-dsc1@hotmail.com

Wilverson Rodrigo Silva Melo (Coautor e Orientador) -  É Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Doutorando em História Contemporânea pela Universidade de Évora (UÉVORA). Atualmente é Docente na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: w.rodrigohistoriador@bol.com.br.

BORGES, Maria Aparecida Quadros; BRAGA, Jezulino Lúcio Mendes. O Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Disponível em:<http:www.unilestemg.br/revistaonline/volumes/01/.../artigo_09.doc>acesso em: 14 out 2011.

GARCIA, Tânia Maria F. Braga. O Uso do Livro Didático em aulas de História no Ensino Fundamental. In: VI Encontro Nacional Perspectivas do Ensino de História, 2007, Natal, RN. Anais do ... Encontro Nacional Perspectivas do Ensino de História. Natal. RN: Editora da UFRN, 2007. v. 1. p.1-11.

HOLANDA, Patrícia Helena Carvalho; SILVA NETA, Maria de Lourdes da; HOLANDA, Renata Sampaio. A Avaliação da Aprendizagem como perspectiva de (Re) Significar o Ensino de História. In: MAGALHÃES JUNIOR, Antônio Germano; ARAÚJO, Fátima Maria Leitão. Ensino & linguagens da história. Fortaleza: EdUECE, p. 345-367, 2015.

MONTEIRO, Ana Maria. Ensino De História: entre história e memória. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra). 2013, p.1-26.

SOUZA, Ézio Jose Silva de; SILVA, Edna Maria Rodrigues. Reflexão e Formação de Consciência: A Importância do Ensino de História nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental em Parnaiba-Pi. 4, Fórum internacional de pedagogia, Campina Grande, Realize Editora, 2012.

OLIVEIRA, Patrícia Aguiar. Métodos e Técnicas de Ensino na Disciplina de História: Superando o Ensino Tradicional. 2013. 55 f. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2013.


27 comentários:

  1. Olá, boa noite, prezados!Imensamente interessante as ideias sobre a utilização de variados recursos para ministrar aulas de História nos Anos Iniciais. No seu entender, essa teorização pode ser aplicada a todas as turmas, desde o 1º até o 5º Ano, ou haveria alguma restrição às turmas menores e o trabalho seria mais proveitoso para 4º e/ou 5º Anos, por exemplo?
    Olga Suely Teixeira.

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    1. Olá Olga, muito obrigado por seu contato e apreço ao texto!

      As formas lúdicas e didáticas podem ser aplicados as turmas de 1º ao 5º ano sem problemas algum. Reitero porém, que a cada série e idade, faz-se necessária utilizar uma linguagem e um planejamento adequado ao senso cognitivo dos alunos, sempre atentando aos PCN's do Ensino Fundamental e as Teorias de Aprendizagem.

      Espero ter contribuído.

      Cordialmente, Wilverson Rodrigo S. de Melo.

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    2. Prezada Olga Suely Teixeira, fico grata pela possibilidade de dialogarmos.
      Acredito que as ferramentas citadas no texto podem ser empregadas a todas as turmas, porém de diferentes fomas, por exemplo, para as turmas de 1° de ano é interessante trabalhar com imagens, músicas, vídeos e cinema considerando inicialmente as particularidades audiovisuais, para as séries de 4° e 5° ano essas mesmas ferramentas podem ser utilizadas através de análises sobre o conteúdo escrito, da própria imagem e/ou áudio. É importante frisar cada turma possui uma identidade, assim o professor deve ter um acervo variado de possibilidades didáticas, não se trata do trabalho com as séries maiores ser mais proveitoso, e sim de saber envolver e trabalhar em cima do perfil de cada turma, portanto, inicialmente deve ser dado atenção a identidade da turma, seguindo de domínio da ferramenta e adequação da ferramente ao publico e ao tema.


      Abraços
      Raquel S. Correa.

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  2. Prezados, suas reflexões me chamaram atenção, gostaria que pontuasse sobre como resolver a questão do ensino de história local e regional nos ensino fundamental, pois como sabemos este tema tem sido um desafio, muitas vezes até ausente dos conteudos escolares.

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    1. Saudações caro colega João!

      Veja, o que orientamos é que o ensino da História local e Regional, se dê a partir da prática docente fundamentado nos diferentes tipos de currículo.

      Embora o currículo formal/ideal não contemple na maioria das vezes tais temáticas regionais, essas podem ser trabalhadas pelo professor por meio do currículo oculto e o currículo real.

      Cabe ressaltar, que tanto o currículo real, como o currículo oculto, giram entorno das metodologias de ensino e teorias de aprendizagem utilizadas pelo professor, podendo ser por exemplo: o construtivismo de Piaget, o sócio construtivismo de Vygotsky, a consciência histórica e didática da História de Jorn Rusen, etc.

      Daí a necessidade, do próprio professor tornar-se um elaborador de seu material didático, contemplando temáticas regionais que não encontram-se presentes nos livros didáticos.

      Espero ter contribuído.

      Cordialmente, Wilverson Rodrigo S. de Melo.

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  3. Boa tarde, muito pertinente seu artigo na atual situação de desvalorização do ensino de qualquer componente curricular de humanas.
    Você aponta o cinema como sendo uma das ferramentas para o ensino de História, concordo, mas nesse caso o professor, além do conteúdo, deve ter conhecimento da linguagem do cinema, pois sabe-se que filmes, documentário, reportagens... é, muitas vezes, o ponto de vista de uma pessoa (diretor, produtor...), nem sempre é a realidade. Se o professor tem algum conhecimento sobre a linguagem do cinema ele saberá conduzir a aula e com certeza será bem aproveitado, pois o filme é uma linguagem que rapidamente atinge as crianças.
    Quais filmes você sugeria para essa faixa etária, referente as décadas de 60 e 70 no Brasil?
    Parabéns pelo trabalho!

    Neuza de Fátima da Fonseca

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    1. Olá Neuza!

      Muito grato por suas colocações e sadias provocações e análises...

      Concordo com você. É essencial o professor conhecer os tipos de metodologias e aportes didáticos com os quais trabalha. Entretanto, em se tratando de imagens, cinema, tic's, literatura, é fundamental não vê-las somente como aportes didáticas, mas devemos vê-las como fontes.... e se são fontes, devem ser problematizadas, analisadas, historicizadas/historiografadas pelo historiador e pelo professor.

      Quanto aos filmes, chamo atenção para o planejamento do professor com base na idade e série dos alunos, ressaltando que não existem fórmulas, mas sim alguns apontamentos.

      Nesse sentido, de acordo com o senso cognitivo e de maturação historiográfica dos alunos é que melhor escolheremos os filmes a serem trabalhados..

      Sugiro estes dois:

      NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984), Murilo Salles – Rodado no último ano do regime militar, a estreia de Murilo Salles na direção mostra o reencontro entre pai e filho, depois de oito anos. Um passou anos na prisão; o outro vivia num colégio interno. Os anos de ausência e confinamento vão ser colocados à prova num apartamento vazio, onde o filho vai tentar descobrir qual a verdadeira identidade de seu pai. Um dos melhores papéis da carreira de Claudio Marzo.

      O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS (2006), Cao Hamburger – Cao Hamburger, conhecido por seus trabalhos destinados ao público infantil, usa o olhar de uma criança como fio condutor para este delicado drama sobre os efeitos da ditadura dentro das famílias. Estamos no ano do tricampeonato mundial e o protagonista, um menino de doze anos apaixonado por futebol, é deixado pelos pais, militantes de esquerda, na casa do avô. Enquanto espera a volta deles, o garoto começa a perceber o mundo a sua volta.

      Espero ter ajudado.

      Cordialmente, Wilverson Rodrigo S. de Melo.

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  4. Excelente texto ! Nas séries iniciais é um dos níveis onde se trabalhar história é muito complexo devido ao tempo destinado na proposta curricular das instituições escolares,visto que o foco do ensino para essa modalidade são as disciplinas de Português e Matemática ,no entanto o professor usando de diversos mecanismos existentes pode tornar esse tempo exíguo em momentos de grande aprendizado ,aulas diversificadas com a utilização de fontes diversas favorecem grandes possibilidades de apreensão do conhecimento.Além desses aspectos outro fator que impede o desenvolvimento do ensino da disciplina de História nas séries iniciais é o fato da maioria dos professores que lecionam do 1º ao 5º ano serem formados em pedagogia e são responsáveis por repassar os conteúdos de todas as disciplinas do currículo.Diante desses aspectos que dificultam o ensino da disciplina de História qual seria a solução para tais problemas?Miss lene pereira da costa

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    1. Olá Lene Costa!

      Muito feliz com tuas problematizações, grato por trazer tal debate a esta mesa de Ensino de História.

      Vou tentar contemplar parte de teus questionamentos.

      Veja, uma maneira de tu dares maior visibilidade ao ensino de História ou ensino de humanidades na escola básica é por meio de Projetos interdisciplinares, nas quais podes articular várias disciplinas juntas para compreender algum objeto de pesquisa ou temática.

      Não vejo como uma problemática o professor da educação básica que leciona ensino de história, ser formado em pedagogia.

      Falo um pouco da minha experiência como Docente na Universidade Federal do Oeste do Pará. Aqui, quando ministro aulas no Curso de Pedagogia por exemplo, sou responsável pelas disciplinas de "Fundamentos Teóricos e Práticos (FTP) de História" e "História de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental", e busco trabalhar a base teórica das matrizes da História (desde Bloch a Jorn Rusen, como a didática e prática do ensino de História (Circe Bittencourt, Leandro Karnal e etc).

      Trabalhamos o aluno pedagogo para atuar em todas as áreas da educação, ministrando a eles no mínimo a teoria e a didática das áreas específicas como História e Geografia.

      Vejo como complicado o licenciado em História ministrar aulas para a educação infantil e ensino fundamental I, pois na sua formação não está contemplado os Fundamentos Teóricos e Práticos da Educação Infantil, bem como as teorias de aprendizagem voltadas ao ensino deste público.

      Espero ter contribuído com suas assertivas.

      Cordialmente, Wilverson Rodrigo S. de Melo.

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  7. olá, texto maravilhoso! as ideias sobre o ensino de história nas séries iniciais são de grade valia para os alunos e o professor, e contudo o professor precisa uma grande atenção ao preparar essas aulas de acordo com o meio que os alunos estão inseridos. Neste sentido, o cuidado com o que e como se trabalha conteúdos da história nas escolas deve ser abordado e observado de maneira a atrair o aluno e ligar o tema abordado com a sociedade que esse aluno está inserido, para vocês, nós como professores trabalhando por exemplo em uma escola de periferia ou interiorana, sem tecnologia nenhuma além do livro didático e de imagens trazidas pelo professor em forma física, como trabalhar a história de forma lúdica e eficiente, fazendo o aluno participar e aprender de maneira mais prática e eficiente possível?

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    1. Olá Anna Letícia!

      Ótimas reflexões e problematizações.

      Veja, temos este problemas aqui na região Oeste do Pará também... temos uma parcela de escolas nas periferias, algumas escolas do campo, escolas indígenas e escolas quilombolas.

      Em escolas em que os recursos tecnológicos e financeiros são escassos, aponto algumas possibilidades críticas para se trabalhar o ensino de História, sem necessariamente o uso do livro didático: aulas peripatéticas, uso de da técnica de história oral em atividades extra classe, dentre outros.

      Espero ter ajudado.

      Cordialmente, Wilverson Rodrigo S. de Melo.

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    2. Prezada, Anna Letícia.
      As deficiências no que tange infraestrutura e recursos didatico-tecnológicos é uma realidade de muitas escolas públicas brasileiras. Nesses espaços o inovar vai além de recurso tecnológicos, envolve ludicidade e criatividade. Nesse sentido ferramentas como o teatro e a construção de materiais didáticos pelos alunos e professores são caminhos possíveis, a análise de livros didáticos, de revistas ou jornais também podem ser propostas interessantes, aliado a essas ferramentes pode ser trabalhado o incentivo a pesquisa, a exemplo entrevistas com antigos moradores do bairro abordando história local, realizar eventos culturais envolvendo danças, culinária e vestimentas trabalhando regionalidades, etc.
      Abraços
      Raquel S. Correa.

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  8. O texto é muito interessante e pertinente, diante das grandes dificuldades que atualmente, muitos tem ao lidar com tais disciplias, principalmente no que relaciona-se as séries (anos) iniciais. Não que haja um menosprezo por tais, mais percebe-se um melhor aproveitamento em disciplinas como 'Português e Matemática'(evidentimente, estas não são mais ou menos importantes).
    Como podemos, nos dias atuais mudar esse modo de ver História, ao mostrar e fortalecer a necessidade de seu ensino desde cedo?
    Julie Ane Souza dos Santos.

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    1. Ola Julie Ane dos Santos. Grata pela sua contribuição.

      Inicio nosso dialogo com um trecho do nosso texto: “Ensinar história necessita planejamento, transformando aulas engessadas em momentos sistematizados ludicamente, onde o aluno é posto a pensar e refletir sobre o que está sendo discutido, se reconhecendo como fruto e produtor da história.“. Portanto, mudar a concepção acerca da disciplina história perpassa pelo repensar a prática docente, desqualificando o caráter mecânico e meramente conteudista com que ela tem sido tratada, se trata de inovar as metodologias e reinventar a pratica, vencendo as limitações do currículo.


      Abraços
      Raquel S. Correa.

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  9. Primeiramente, parabéns pelo texto.
    É indiscutível a importância do ensino de história nos anos iniciais, uma vez que vem contribuir com a formação de nossas identidades e instigar na tomada de decisões. Nesse contexto, pergunto-lhes: como transformar o conhecimento histórico em estratégia de formação e informação para aos alunos das séries iniciais? E quais habilidades devem ser desenvolvidas?

    Att,

    Joane da Silva Ribeiro

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  10. Olá! Bom dia!
    Excelente texto!
    É de suma importância que (nós ou os aspirantes a) professores desta "matéria" se preparem ao máximo para o lecionar. Cada sala de aula e cada aluno são diferentes, entender e aplicar a matéria de forma eficaz leva "um tempo" de conhecimento e interação. O ensino de história nas séries iniciais deve cativar e mostrar a beleza desta matéria com materiais inteligentes, não unicamente o livro, o uso de outros recursos é fantástico!, e todos eles agregam valores educacionais.
    Estou à procura de algum material que conecte a música clássica com a história, me indicaria? (rs), "quero montar" uma cronologia de peças musicais famosas com acontecimentos circunstanciais.

    Muito Obrigado!

    Jônatas Fernandes Pereira

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  11. Bom dia!
    A proposta de inovação e diversificação nas metodologias e recursos utilizados no ensino de História é válida, na verdade, necessária, considerando o contexto atual e as características dos educandos de todas as modalidades de ensino. Essa prática tende a possibilitar e desenvolver a autonomia e a emancipação dos estudantes, porém nos deparamos com uma enorme dificuldade dos estudantes, dos Anos Finais do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio, em serem protagonistas no processo de ensino e aprendizagem. Considerando essa realidade, será possível promover essa prática nos anos iniciais? Seria a falta de desenvolvimento dessa prática, nessa etapa, que resulta nas dificuldades elencadas anteriormente?

    LUCIANA HELENA DE OLIVEIRA VICELI

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    1. Prezada Luciana Viceli.
      Acredito que sim, promover um ensino para criticidade e que demande a participação ativa do aluno desde as séries iniciais contribui no rompimento da visão distorcida que tem-se da disciplina história. Nesse sentido, a vivência de aulas dialogadas, lúdicas e reflexivas contribui na formação de educandos protagonistas no processo de ensino-aprendizagem, constrói-se portanto, uma cultura participativa de alunos. De certo modo, promover o ensino dinâmico a partir das séries iniciais não é garantia de continuidade desse tipo de ensino para os níveis de ensino, os profissionais e os alunos serão outros, é necessário investir na qualificação desses profissionais e colocar em tela discussões sobre praticas docentes inovadoras, compartilhar experiências positivas e levantar debates sobre o papel da disciplina história para a formação do educando, assim, torna-se importante reinventar o ensino de história quando este, se apresentar desconexo, puramente tradicional e vazio em reflexões.

      Abraços
      Raquel S. Correa.

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  12. Candida Lisboa Belmiro12 de abril de 2018 às 07:50

    O livro didático é um recurso frequente nas salas de aula nos anos iniciais, porém alguns Municípios não adotam livros de História para o primeiro ano, muitos professores não contam nem mesmo com este recurso básico trabalhar, também não investem em formação dos profissionais nessa área o que dificulta muito o bom desempenho do profissional. A partir de quais fontes podemos trabalhar com a criança dessa modalidade o conceito espacial e temporal para que ela aspectos locais e regionais?
    Candida Lisboa Belmiro

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  13. Prezados!
    Voltar o olhar ao ensino de história nas séries iniciais não é recorrente. Parabéns por trazerem essa temática!
    Como as propostas apresentadas se encaixam com a Base curricular para o Ensino de História nas séries iniciais?
    Junto a cada fonte/recurso trazido como possibilidade de prática pedagógica se poderia fazer uma relação com os objetivos propostos nesse documento?
    É perceptível que estão de acordo, mas essa relação poderia ficar mais clara. O que acham?
    Obrigada pela atenção!
    Cláudia Masiero

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  14. Caros Raquel dos Santos Correa e Wilverson Rodrigo Silva de Melo, parabéns pelo texto! Trata-se de uma importante reflexão acerca do Ensino de História no Ensino Fundamental I. Gostaria que dissertassem um pouco acerca da formação docente no que se refere ao Ensino na de História para esta fase de aprendizagem, visto que propõem o uso de diferentes linguagens para o ensino de História, contudo sabemos que os professores, em sua grande maioria, não possuem formação histórica para o diálogo com este tipo de documento, e que as turmas são formadas por um público (crianças) que não possuem a maturidade/formação necessária para a leitura destas fontes. Assim como trabalhar com fontes históricas como recurso didático no Ensino Fundamental I?
    Atenciosamente,
    Lucilvana Barros

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  15. Primeiramente, parabéns pela iniciativa de abordarem essa temática no texto de vocês, o ensino de História nos anos inicias.

    Minha pergunta versa acerca da formação de professores dos anos iniciais, já que a eles é delegada a função de trabalhar inúmeras disciplinas e as vezes em suas formações a atenção e ênfase a história fica em segundo plano. Sendo assim, continuam a reproduzir modelos tradicionais de ensino de história focadas na memorização de fatos e datas ditas como verdades absolutas. Quais esforços deveriam ser tomados para que haja a formação de professores dos anos iniciais engajados com o ensino de história crítica, uso de diversas ferramentas metodológicas, como apontado no texto de vocês, consciência histórica, compreensão de tentativas de se instaurar uma história única, oficial e hegemônica.

    Obrigada pela atenção.

    Patrícia Magalhães Pinheiro

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  16. Géssica Natasha de Azevedo Cervantes13 de abril de 2018 às 18:32

    Boa noite, seu assunto é de grande valia, pois há uma grande dificuldade nos professores em ensinar história para os anos iniciais do ensino fundamental, até porque a compreensão do aluno sobre os fatos se torna muito difícil, caso o educador faça uso de termos complexos de história. Realmente o professor deve virar um artista na sala de aula e mudar a visão dos alunos em relação ao estudar história, é muito importante sair das aulas metódicas e trazer para as crianças uma aula dinâmica e atrativa, fazendo com que os mesmo participem assiduamente e se sintam fazendo parte da história, assim como foi dito no texto acima. Sendo assim você sugere que haja mais aperfeiçoamento dos educadores nas metodologias para o ensino de história nos ensinos iniciais? Pois muito saem das faculdades engessados para lidar com o público infantil.



    att.,

    Géssica Natasha de Azevedo Cervantes

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  17. Boa noite!

    Vejo um interessante assunto na sua publicação que a respeito da didática, estas que são de elevada importância em tempos em que há uma quantidade e qualidade relativa de estudos ao que se é trabalhado em sala de aula. Você acredita que trabalhos interdisciplinares acadêmicos que envolvessem mais o campo pedagógico poderia trazer mais benefícios aos futuros professores que ministrarão conhecimentos específicos (neste caso, refiro-me ao de História)?

    Grato.

    Rodolpho Luiz Almeida Vieira

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