Fábio Júnio Mesquita

HISTÓRIA ORAL E MEMÓRIA EM PROCESSOS EDUCATIVOS: ARMADILHAS, PERCALÇOS E DESAFIOS PARA O PROFESSOR.


Dado os limites do texto, este artigo pretende contribuir com a reflexão acerca da utilização da História oral e da memória nos processos educativos, sobretudo no ensino de História, visto que carregam potencialidades para um ensino crítico e apreciativo da identidade, além de estimular propostas inovadoras e inclusivas entre professores e estudantes. Entretanto, tal reflexão se faz a partir da análise de algumas armadilhas e desafios que surgem como obstáculos aos professores e à aprendizagem. Se desdobrando por meio de uma breve apreciação de pesquisas, projetos e propostas que já apresentaram resultados e podem ser inspiradoras a outros educadores.

Não se trata apenas de mais um estudo que busca propor métodos e técnicas para o ensino de História, mas objetiva-se refletir sobre as intenções e aplicações destes métodos. Deste modo, faz-se necessário examinar algumas afirmações acerca da história oral e memória em contraponto ao ensino tradicional (livros didáticos, documentários, documentos históricos, etc.). Para o melhor aproveitamento e maior imersão neste texto, este trabalho não será dividido em seções, pois propõe-se uma reflexão continua ao leitor, entretanto, foi elaborado a partir da seguinte sequência: contextualização, percalços, desafios, armadilhas e possibilidades pedagógicas.

Diversos são os trabalhos que se dedicam ao estudo de metodologias e didáticas, portanto, este trabalho não almeja, a priori, trazer respostas às inquietações de educadores que buscam soluções acabadas e replicáveis em suas salas de aula, mas, sobretudo, contribuir com a discussão sobre o ensino de História na educação básica nos dias de hoje. Um trabalho voltado principalmente para professores recém-formados e/ou que se interessem por tal reflexão.

Assim, na busca pelos percalços e desafios que dificultam o ensino de História, podemos juntamente com Ferreira [2016] refletir acerca do lugar da história hoje, que para ela tem perdido o status da disciplina tão admirada nos séculos XIX e XX nas Ciências Sociais [FERREIRA, 2016].

Esta perda do status, para Monteiro [2011], pode estar vinculada ao termo história, ao considerar que nele reside uma ambiguidade ou polissemia que tem sido discutida por estudiosos. É conhecido que “em muitos idiomas, como o português e o francês, diferentemente do alemão, a mesma palavra história é utilizada para expressar a história vivida e a operação intelectual que a torna inteligível.” [MONTEIRO, 2011, p. 1]. Pela semelhança dos significantes e diferença dos significados, o signo “história” pode confundir aqueles menos atentos ou envolvidos com a área.

Enquanto para Ferreira [2016], a questão semântica não é discutida. Para a autora, “essa perda de posição tem sido identificada pela prevalência dos meios de comunicação no tratamento com o passado, na redução da carga horária da disciplina escolar na educação básica [...]” ou “[...] na interpretação de um presentismo vigente, que se manifesta com as transformações trazidas pela aceleração do tempo, o foco no imediato e a perda de perspectiva futura.” [FERREIRA, 2016, p. 126]. Diante da observação de Ferreira [2016], dentre os fatores que desafiam a atuação docente para o ensino de história e permitem reflexões mais amplas sobre o estudante e possíveis influencias dento e fora da sala de aula, pretendemos investigar o que tange à escola, neste caso, a carga horária da disciplina na educação básica que será retomada mais a frente.

Logo, o primeiro percalço para o ensino de História é sinalizado. A História, enquanto disciplina escolar, tem sofrido interferências por diferentes agentes: do professor que não domina o conteúdo aos meios de comunicação que tratam de exibir matérias sem nenhum compromisso educativo. Como exemplo, deste último mencionado, os mais variados canais no Youtube que disponibilizam diariamente conteúdos de criação independente e que viralizam rapidamente em meio aos jovens. Os estudantes, não contentes mais apenas com o que os professores ensinam ou com o que encontram nos livros, podem encontrar algum Youtuber que lhe forneça outras informações, ainda que totalmente engajadas a uma ou mais ideologias. Outros meios de intervenção pedagógica se fazem necessárias. Diante deste cenário, atividades para complementar ou ressignificar as práticas tradicionais: como por exemplo, a prática do uso do livro didático, que não deve ser abandonada, nem tampouco o foco da aula.

A História escrita não bastava aos historiadores e educadores, na medida em que “a pesquisa científica avança com inovações e revisões.” [MONTEIRO, 2011, p. 6], resultando em outras fontes que passavam a ser investigadas e apresentadas. Em meio a descrença de uma versão única da História, uma solução é a História oral, que internacionalmente “[...] se consolidava nos anos 60, pois se agregava a isso a contracultura e os avanços tecnológicos, no Brasil esse tipo de estudo ainda era encarado com dúvidas quanto a sua autenticidade.” [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 128-129]. Pois a partir dela, várias versões surgiam para contar um mesmo fato, cada versão varia de acordo com quem a narra.

Na década de 70, o “[...] ‘patrimônio histórico e cultural’ passou a ser visto como expressão e representação da história dos dominantes e, conseqüentemente, objeto de críticas e questionamentos. Memória foi associada à história oficial.” [MONTEIRO, 2011, p. 18]. As inquietações borbulham em meio aos estudiosos, abrindo assim um horizonte de investigações e possibilidades.

A partir da década seguinte,“[...] com a abertura política, as novas propostas curriculares implantadas no país anunciavam a formação do cidadão crítico, sujeito da história, como o principal objetivo do ensino desta disciplina.” [MONTEIRO, 2011, p. 18]. Ao mesmo tempo em que “a contribuição do ensino para a formação da memória social foi, deliberadamente ou não, esquecida.” [MONTEIRO, 2011, p. 18]. Mas esse período trouxe também outros benefícios, sendo “a partir da abertura política (1983) que a história oral começou a ganhar força no cenário brasileiro.” [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 129].

Chegando ao dias mais atuais, em que se percebe, assim como ensina Monteiro [2011], que:

“O ensino de história é, potencialmente, um lugar onde memórias se intrecruzam, dialogam, entram em conflito; lugar no qual, também, se busca a afirmação e registro de - ou onde se desenvolvem embates entre - determinadas versões e explicações sobre as sociedades, a política, o mundo, prescritas pela instituição em que se localiza; ‘lugar de fronteira’, que possibilita o diálogo entre memórias e ‘história conhecimento escolar’, com o aprofundamento, ampliação, crítica e reelaboração para uso no cotidiano.” [MONTEIRO, 2011, p. 15]

Mas o ensino de História, nos dias de hoje, causa inquietações na sociedade, seguidas de acusações contra os professores, e, por fim, políticas que estabelecem obstáculos à prática docente. Culminando na “[...]reforma do ensino médio, diluição das fronteiras disciplinares, redução da carga horária da disciplina história escolar, [...], discussão da Base Nacional Curricular, o PL Escola sem Partido [...]” [FERREIRA, 2016, p. 131-132]

Deste modo, os desafios e percalços se despontam neste estudo: primeiramente a reforma do ensino médio, diluição das fronteiras disciplinares, redução da carga horária da disciplina história escolar e discussão da Base Nacional Curricular; seguido da Escola sem Partido.

Os desafios podem ser enfrentados pela Associação Nacional de História (ANPUH), professores, alunos, pais e gestão escolar. Com exceção à discussão da Base Nacional Curricular, a comunidade escolar deverá se incumbir de buscar soluções para estes desafios, propondo a otimização do tempo e aproximação de conteúdos. Quanto à Base Nacional Curricular, a ANPUH tem muito a oferecer para essa discussão, assim como, os educadores, que podem propor reflexões e possibilitar que este desafio favoreça o ensino de história.

Ainda mais assustador que os desafios, o obstáculo: Escola sem Partido. Sabe-se que a discussão a respeito de uma educação neutra tem estado presente nas salas de aulas, espaços públicos e lares. Porém, como observa Nidelcoff [1985], a educação não é neutra. À medida em que este trabalho se desdobra, pretende-se justificar esta afirmação.

Assim, como solução para alguns dos possíveis desafios para o ensino de História na educação básica o trabalho com história oral e memórias oferecem razoáveis oportunidades a serem aproveitadas pelos docentes. Oportunidades estas, que trazem em si algumas armadilhas e obstáculos, pontos que serão analisados agora neste estudo.

Alguns educadores encontram dificuldades para explorarem a história oral e a memória no ensino de história, mesmo que a história oral seja uma possibilidade para a análise de fontes com os alunos do Ensino Fundamental, sendo mencionada pela primeira vez, entre os documentos que tratam do ensino de história, nos PCNs (1999). Este embaraço quanto ao uso da história oral e da memória em sala de aula é a primeira armadilha a ser analisada neste trabalho. De um lado, a superestimação de seu uso; de outro, a rejeição a ela.

Embora, muito se fale que “[...]as mudanças pedagógicas que vêm ocorrendo no ensino de história estão proporcionando uma superação dos documentos enquanto inquestionáveis e prova do real.” [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 127], é imperativo relembrar que não se deve descartar o estudo de tais documentos, em nome de novos métodos, mas confrontá-los. Ora, se os documentos não são inquestionáveis e prova do real, também “[...] podemos considerar que a memória não pode ser confiável.” [NOGUEIRA, 2013, p. 2]. Portanto, para Nogueira [2013] não se deve tomá-la como única fonte de estudo, sendo necessário reconhecer que a narrativa é sempre correspondente a um fragmento, a totalidade da experiência nunca cabe por inteiro em uma narrativa, ela está presente na dinâmica da organização da experiência, mas não poderá abrangê-la por completo, portanto, a narrativa possibilita leituras plurais e viabiliza novos pontos de vista, permitindo a reconstituição da história.

Tanto as memórias, quanto os documentos precisam ser relacionados e contrapostos. Um aspecto importante para esta análise é recorrer a estudos que revelem sobre o período em que os dados foram coletados (seja o documento ou a memória), de forma a analisar o contexto histórico e a produção, para entender a quais interesses serviam. Assim, as percepções de testemunhas e os documentos oficiais podem ser explorados, encontrando inconsistências e convergências em ambos.

Ao optar por trabalhar com a História oral, deve-se tratá-la como fonte de informação para o ensino de história, tendo seu valor reconhecido para o processo de aprendizagem, assim como com os demais materiais utilizados. Se os documentos históricos são analisados de forma crítica e submetidos a contraprova, de igual modo deve ocorrer com as narrativas coletadas por meio da História oral, só assim será possível o acesso a pistas e informações preciosas, muitas delas inéditas e dificilmente fornecidas ou obtidas por outros meios [FERREIRA, 2016, p. 134].

Desta forma, ressalta-se que “é necessário promover um autêntico dever de História, que parte da memória, dela se nutre, mas sabe tomar a distância necessária em relação a ela” [JOUTARD, 2007, p. 15 apud FERREIRA, 2016, p. 129]. Logo, é imprescindível que não se prenda ao método, pois, é prejudicial se prender à memória e à história oral, na mesma medida que é danoso se prender aos documentos históricos/oficiais.

Entretanto, a armadilha não é exclusiva a quem se agarra a memória e a história oral. Há também aqueles que as rejeitam, por acreditarem não serem neutras o suficiente para integrarem o hall de investigação da sala de aula.  Como foi observado por Nogueira [2013], para ele:

“[...] ao se perceber que a narrativa apresenta características que contradizem o olhar positivista do pesquisador, contrapondo-se à neutralidade, a objetividade em relação ao rigor científico de uma visão naturalista da pesquisa, ela mostra que ao se reconstituir a história por meio da memória, também temos que rever alguns conceitos, como por exemplo, o de objetividade, de neutralidade e de verdade, tendo em vista que, ao narrar, o narrador não tem intenção de informar, mas por meio da memória, eleger aquilo que ele considera importante, sendo a memória também falha, passando a história a ser contada a partir de interesses do narrador, como se pode perceber no filme: ‘Narradores de Javé’.” [NOGUEIRA, 2013, p. 2].

Evitar essa armadilha, principalmente em um momento em que se discute ideologização através do ensino, parece mais difícil que a anterior. O educador é levado a não se apegar demasiadamente à memória e à história oral, o que pode, por vezes, acabar afastando-o. Com a proposta de uma possível e alcançável neutralidade cientifica, romper tal obstáculo é, também, um desafio ao docente.

Para tal exercício de reflexão é necessário reconhecer, como aponta Nogueira [2013] que não há neutralidade por parte do pesquisador, visto que “[...] ele participa na construção da história, sendo a narrativa o resultado das inter-relações, em que a construção do conhecimento ocorre a partir daquilo que ambos (narrador e pesquisador - aquele que escuta) fazem juntos [...]” [NOGUEIRA, 2013, p. 4-5], enquanto “[...] está ocorrendo a coleta dos dados, neste caso, por meio da entrevista oral.” [NOGUEIRA, 2013, p. 5]. Nesse sentido, Nogueira [2013] defende que “[...] a subjetividade estará sempre presente na memória, bem como em toda produção científica, pois é indissociável do ser humano.” [NOGUEIRA, 2013, p. 11-12], nesse aspecto todo processo de ensino é seletivo e ensina aquilo que agrada a alguém ou algum grupo.

Nessa linha de raciocínio, Monteiro [2011] nos ensina que ao contrário de hoje o ensino de história, durante o século XIX e grande parte do XX “[...] serviu para divulgar a história do Brasil, uma nação homogênea e sem contradições, herdeira e representante da civilização ocidental européia na América do Sul.” [MONTEIRO, 2011, p. 17]. Para tanto, ”heróis nacionais foram inventados como agentes da formação nacional e dos grupos dominantes, em detrimento de sujeitos históricos representantes de outros segmentos étnicos da sociedade brasileira.” [MONTEIRO, 2011, p. 17].
Percepção esta que também pode ser lida na obra ‘Uma escola para o povo’, de María Teresa Nidelcoff [1985], que aponta uma supervalorização do livro didático promovida pelo discurso de serem os “melhores amigos” do estudante, de conterem a verdade e tudo aquilo que precisamos saber, e somente por ele devemos aprender as coisas [NIDELCOFF, 1985]. Nesta perspectiva, o ensino de história não poderia se dar somente pelos livros didáticos, uma vez que os conteúdos da escola podem ser tendenciosas de duas formas: seja pelo significado cultural dos conteúdos, que atende a apenas um grupo e nega outros; ou pela “[...] ideologia à qual tais conteúdos respondem.” [NIDELCOFF, 1985, p. 46, grifos originais]. Neste sentido, para Nidelcoff [1985], a escola participa do projeto político dos grupos dominantes, de modo que expressam obrigatoriamente a ideologia da classe que representam. 

Entretanto, mesmo diante da ausência de neutralidade, faz-se necessário “[...] um compromisso ético na tarefa da interpretação das narrativas e dos vestígios encontrados em busca de uma aproximação da verdade.” [NOGUEIRA, 2013, p. 12]. Ora, mesmo ciente que não existe uma neutralidade cientifica, não deve ser cogitável desvirtuar a pesquisa.

Este desafio, de interpretar as narrativas, é apresentado por Ferreira [2016, p.130], de modo amplificado para os profissionais que se dedicam ao ensino de História, muitas vezes sendo pressionados a referendar determinados pontos de vistas, por instituições ou atores sociais, contemporâneos ao pesquisador.

Exposto as armadilhas, percalços e desafios que tangenciam o ensino de História, a história oral e a memória devem ser também analisadas por outro viés. Percebendo-as como possibilidades pedagógicas que muito tem a agregar as aulas, não só as de História, visto que aplicar as técnicas de história oral no ensino de história permitem aos estudantes desenvolverem habilidades linguísticas (orais e escritas), tendo em vista que estes se envolvem e participam ativamente do processo de exposição de ideias, redação das perguntas e também da realização da entrevista [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 130].

Bem como, a utilização das fontes orais como prática no ensino de história “promove o debate e a cooperação. Ajuda as crianças a desenvolver suas habilidades lingüísticas, um sentido de evidência, sua consciência social e aptidões mecânicas.” [THOMPSON, 1998, p. 218]. Benefícios que também vão de encontro ao docente, pois “para os professores de História, os projetos de história orais têm vantagem especial de franquear para o estudo a história da importância local.” [THOMPSON, 1998, p. 218].

Trabalhar com a História oral e a memória, desafia os estudantes, pois não se encontram mais como aquele que recebe o conteúdo pronto, mas precisam dar-lhe forma. Para o professor, é oportuno para trabalhar o resgate de histórias locais e tradições, bem como uma oportunidade, como provoca Ferreira [2016]:

“Em tempos em que os professores são acusados de doutrinar seus alunos, o trabalho com depoimentos que expressem a diversidade de versões e de pontos de vista pode ser um exercício rico e atraente para desenvolver a capacidade crítica e apontar caminhos para a aprendizagem e a verificação, testagem e fidedignidade das informações.” [FERREIRA, 2016, p. 134].

Resultando na produção de um trabalho democrático, palavra que tem ganhado mais notoriedade recentemente, que ouve e inclui diferentes opiniões, incitando os estudantes a pesquisa e resgate da memória.

Para Monteiro [2011, p. 14], a relação entre memória e história deve ser considerada para o ensino, atrelado a história oral é uma possibilidade rica de imersão a histórias de grupos que por muitas vezes tiveram suas histórias negadas ou esquecidas, além da possibilidade de estudar a história local – seja do bairro ou cidade. Desta forma, possibilita “[...] ao aluno, através da utilização da oralidade no ensino de História, se entender enquanto sujeito ativo, partícipe e construtor do processo histórico.” [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 127]. Assim como, “[...] permite captar elementos que estão além das evidências documentais tradicionais e ainda agregar à história um pensamento crítico e questionador por parte do corpo discente.” [NÓBREGA; SOLDERA; SENNA, 2009, p. 127], sendo possível a partir do uso desta metodologia.

Das pesquisas baseadas em fontes orais, à atuação da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), pesquisadores percebem o crescimento do uso e a importância da metodologia para a História. Assim, almejando expandir essa experiência e todo o potencial de pesquisa para o ensino de História e, consequentemente para a sala de aula [FERREIRA, 2016, p. 134]. Este trabalho também é resultado deste interesse, o potencial pedagógico presente na História oral e na memória não podem ser negados diante dos percalços que a educação e professores enfrentam. Este é o momento de redesenhar as estratégias e buscar novas possibilidades.

Desta forma este trabalho se encerra questionando, de quantas formas diferentes a história oral e a memória podem complementar as suas aulas, educador?

Referências
Fábio Júnio Mesquita é Pedagogo pela FACISA-BH e Mestrando em Educação pela UEMG na linha de pesquisa Culturas, Memórias e Linguagens em Processos Educativos.

FERREIRA, Marieta de Moraes. História do Tempo Presente, História Oral e ensino de História in http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/
handle/10438/18100/História%20oral%20e%20práticas%20educacionais.pdf?sequence=1&isAllowed=y, 2016.

MONTEIRO, Ana Maria. ENSINO DE HISTÓRIA: entre história e memória in http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/pesquisa-pratica-educacional/artigos/artigo1.pdf, 2011.

NIDELCOFF, María Teresa. Uma Escola para o povo. São Paulo:Editora Brasiliense, 1985.
NÓBREGA, Felipe; SOLDERA, Lisiane; SENNA, Adriana. A história oral como prática no ensino de história in https://online.unisc.br/seer/index.php/agora/article/view/1789/1337, 2009.

NOGUEIRA, Teresinha de Jesus Araújo Magalhães. Memória, história oral e narrativa: o encontro do possível na multiplicidade de pontos de vista in http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/03-%20FONTES%20E%20METODOS%20EM%20HISTORIA%20DA%20EDUCACAO/MEMORIA%20HISTORIA%20ORAL%20E%20NARRATIVA.pdf, 2013.

THOMPSON, Paul. A Voz do Passado. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

11 comentários:

  1. Gostei das suas reflexões, gostaria que pontuasse algumas ideias sobre a importância da memória na formação inicial do professor

    João Carlos da Silva

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    1. Olá, Professor João Carlos. Tudo bem?
      Agradeço por ler e comentar o meu texto. Reconheço que o artigo não abordou este ponto, focando mais em discutir as dificuldades colocadas ao professor já formado. Na tentativa de pontuar algumas idéias, inicio observando, como mencionado no trabalho, a existência de “[...] potencialidades para um ensino crítico e apreciativo da identidade, além de estimular propostas inovadoras e inclusivas entre professores e estudantes”, o que me leva a compreender, em uma análise não tão aprofundada, que a formação docente não deveria estar muito longe desta percepção, para que pudesse ser repassada aos seus discentes. Pois a memória, por meio das narrativas, é parte integrante que compõe, de modo mais completo, o sujeito, logo, ela não deveria ser restrita ao uso do educador já formado, mas também ser utilizada ao longo do processo de formação deste professor.
      A memória contribui com a construção de identidade (pessoal, profissional, acadêmica...); com a crítica à hegemonia, a partir da leitura de mundo do indivíduo e sua interpretação crítica; resgata fatos que por outros meios não seriam possibilitados; salvaguarda a tradição e o conhecimento de educadores que os antecederam; dentre outros. Neste sentido, a memória pode ressignificar a aprendizagem do docente, em seu processo de formação, além de contribuir com inovações pedagógicas (não aprendidas, mas vivenciadas por ele) que diferem muito das aulas tradicionais e do uso exclusivo de fontes documentais. Caso queira uma opinião mais investigativa do assunto, indico a leitura do livro “Memória e Formação de Professores”, organizado por Antônio Dias Nascimento e Tânia Maria Hetkowski, publicado originalmente em 2007. O livro mencionado pode ser acessado e lido gratuitamente no link: http://books.scielo.org/id/f5jk5/pdf/nascimento-9788523209186.pdf.

      Fico a disposição para responder novas perguntas, não sei se consegui me aproximar daquilo que você esperava, portanto, caso queira, podemos conversar mais sobre este tema.

      Abraços fraternos,

      Fábio Júnio Mesquita.

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  2. Olá Fabio, gostei muito do seu texto.
    Na sua visão como se deve trabalhar com os discentes na perspectiva de preservação de um acervo documental?

    Wallysson Klebson de Medeiros Silva

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    1. Olá, Wallysson. Tudo bem?
      Agradeço por ler e comentar o meu texto. Aproveito para ressaltar que não tenho interesse em elevar a importância da história oral e rebaixar a importância da pesquisa documental, creio que haja espaço e importância para as duas. O fato de não ter abordado está segunda, é por tentar dar uma visibilidade maior a discussão da primeira. Sobre a sua questão, esta é uma indagação que venho me fazendo recentemente. Indagação que surgiu após ver uma pichação em um muro com os dizeres: “+ pichação – patrimônio”. O próximo trabalho que pretendo apresentar será a respeito do arquivo público de Ribeirão das Neves, cidade em que moro, tendo em vista o descaso que o aflige. O Patrimônio material da cidade também sofre com depredação, neste sentido, quero investigar por quais motivos não são preservados, nem pela população, nem pelo Estado. Parto da Educação Patrimonial, penso que a partir dela é possível criar uma proximidade entre o discente e as fontes. Caso este sujeito consiga se ver interligado a esta história, penso que exista uma resistência à destruição maior por parte dele, do contrário, caso ele se enxergue alheio a estes objetos, sente-se mais à vontade para atacá-los.
      Um ponto interessante para essa conversa será pensarmos estratégias de reconhecimento da história local, junto da formação humana e identitária dos jovens. Os jovens aqui da cidade não depredam a pista de “skate”, nem as pracinhas em que jogam futebol, etc. Talvez, ao encontrarmos o que os liga a esses espaços nos permita traçar táticas que também os façam preservar o acervo documental e material. Ao expandirmos juntos as fronteiras destes jovens à cidadania planetária, é possível também que a preservação não seja restrita a localidade, mas presente em outros espaços, em outras cidades.
      Portanto, entendo que a preservação de um acervo documental, deve ocorrer por meio da Educação Patrimonial. De modo que aprenda a preservar aquilo que agrega história e memória ao “eu”, os jovens não podem ser percebidos como separados deste processo, devem se sentir parte e enxergar na história da cidade (e posteriormente do mundo) como agente de transformação e transformado por aquilo que o antecede, que vive e, posteriormente, que virá a ser. Não penso que exista uma forma de trabalhar (coleta de narrativas dos moradores mais antigos da região; produção de curtas e documentários; passeios e leituras da cidade; confrontação documental; entre outros), mas creio que a Educação Patrimonial possibilite mais este exercício, melhor ainda se aliada a outros conteúdos e disciplinas, numa perspectiva de educação permanente.
      Fico a disposição para responder novas perguntas, não sei se consegui me aproximar daquilo que você esperava, portanto, caso queira, podemos conversar mais sobre este tema.

      Abraços fraternos,

      Fábio Júnio Mesquita.

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  3. Olá professor Tudo bem ?
    Gostei muito de seus texto, mais poderia me esclarecer uma dúvida que não ficou muito clara pra mim.
    O professor ao optar em trabalhar em sala de aula com história oral como fonte a ser investigada, na rede básica corre o risco de ser refutado pelos alunos por não ser uma fonte documental ou supostamente não oficial e perder ainda mais o interesse de seus alunos, ou, pelo contrário atrairá ainda mais o olhar especulativo dos mesmos já que não obteram contato com fontes como estás?

    Daiane Aparecida Freires dos Santos

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    1. Olá, Daiane. Tudo bem?
      Agradeço por se dispor a ler e comentar o meu texto. Não creio que exista uma única resposta a esta indagação, já que dependerá de diversos fatores que influenciarão essa possível aula, acredito que os dois exemplos expressos em seu questionamento estejam entre as muitas reações possíveis por parte dos alunos. Penso que esta dúvida esteja presente em todo o processo educativo: como preparar uma aula que atraia a atenção dos educandos sem perder a essência do conteúdo curricular? Assim, este desafio se impõe ao professor diariamente, e não apenas no que tange a história oral. Neste sentido, entender as potencialidades da turma é de grande importância, uma vez que existirão aqueles que apreciam a disciplina de História e a desejem por meio de uma investigação documental; aqueles que gostarão da nova proposta, por ser diferente de tudo que já conhecem; aqueles que se interessarão pelas narrativas como forma de descobrir uma nova versão da história; aqueles que continuarão desinteressados; e muitas outras possibilidades de alunos. A partir deste ponto, caberá ao professor, em seu planejamento, propor como e “quanto” trabalhar com os documentos, a história oral, o livro didático, entre outros. De modo, a não tornar nenhum destes como fonte única, mas propiciar as diferentes formas de investigação. Creio que a chave para trabalhar com uma turma como essa citada, seja mesclar os conteúdos, onde couber, por exemplo, uma pesquisa investigativa de bairro, existe a possibilidade de conhecer a história local de diferentes formas.

      Fico a disposição para responder novas perguntas, não sei se consegui me aproximar daquilo que você esperava, portanto, caso queira, podemos conversar mais sobre este tema.


      Abraços fraternos,

      Fábio Júnio Mesquita.

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  4. Bem, eu gostaria de tratasse do conceito de identidade e dos autores que formam seu corpus conceitual, já que foi feita uma proposta no início do texto e o conceito não foi explanado.

    Adauto Santos da Rocha.

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    1. Olá, Adauto. Tudo bem?
      Agradeço por se dispor a ler e comentar o meu texto. Reconheço que não aprofundei no conceito de identidade, já que não se trata de um ponto em discussão neste artigo. Mencionado em todo o trabalho apenas uma vez, logo no primeiro parágrafo do meu texto. Esclareço que proponho a reflexão sobre o uso da: “[...] História oral e da memória nos processos educativos, sobretudo no ensino de História, visto que carregam potencialidades para um ensino crítico e apreciativo da identidade [...]” e não da identidade, propriamente dita. Pois bem, de fato, não me arrisquei a discutir a identidade neste texto, visto que o conceito de identidade - como você bem sabe - é muito discutido por diferentes campos e guarda em si diferentes versões na área da antropologia, da sociologia, da filosofia, da psicologia, dentre outras. Por este motivo, eu estaria condicionado a escolher uma área e abordar o conceito a partir dela; e caso o fizesse, precisaria de uma relação de autores que se posicionassem e formasse este meu corpus conceitual. No caso deste artigo, parti do conceito primário da palavra “identidade”, que assim como disponível nos dicionários se refere ao que um indivíduo diz ser.

      Fico a disposição para responder novas perguntas, não sei se consegui me aproximar daquilo que você esperava, portanto, caso queira, podemos conversar mais sobre este tema.


      Abraços fraternos,

      Fábio Júnio Mesquita.

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  5. Caro Fábio, é realmente muito interessante o seu trabalho e as perspectivas apontadas por ele.

    Você afirma que o relato oral não deve ser entendido como único e verdadeiro, sendo necessário analizá-lo relacionando com outras fontes. Em trabalhos de História da família na sala de aula em que os alunos podem entrevistar parentes para entenderem sua própria história, quais outras fontes você pode sugerir a fim de atender essa proposta?
    Abraços!
    John Jorge de Sousa Gois

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    1. Olá, John. Tudo bem?
      Agradeço por se interessar em ler e comentar o meu texto. Fiquei muito feliz com sua indagação, espero ir de encontro à inquietação. Na expectativa de esclarecer, separo seu comentário em duas partes:

      A primeira, onde se lê: “Você afirma que o relato oral não deve ser entendido como único e verdadeiro, sendo necessário analizá-lo relacionando com outras fontes”, parti da analise de Monteiro (2011), tendo observado que na década de 1970 a “Memória foi associada à história oficial.” [p. 18], em contraponto a percepção de Nogueira (2013) ao “[...] considerar que a memória não pode ser confiável.” [p. 2]. Neste sentido, o relato oral corresponde “[...] a um fragmento, a totalidade da experiência nunca cabe por inteiro em uma narrativa, ela está presente na dinâmica da organização da experiência, mas não poderá abrangê-la por completo, portanto, a narrativa possibilita leituras plurais e viabiliza novos pontos de vista, permitindo a reconstituição da história”. Portanto, entendo que a nível de história oficial, tanto os documentos, quanto a memória contribuem, se complementam ou contradizem, mas não são fidedignos ao contexto histórico. Ambos são úteis e devem ser coletados, reunidos e ordenados para, posteriormente, serem analisados e buscar entender as convergências e divergências que todos estes apresentam, com intuito de agregar e enriquecer o que conhecemos da história.

      Na segunda parte, onde questiona: “Em trabalhos de História da família na sala de aula em que os alunos podem entrevistar parentes para entenderem sua própria história, quais outras fontes você pode sugerir a fim de atender essa proposta?”. Inicialmente, ressalto que esta proposta é maravilhosa, possibilita que o aluno se entenda como sujeito que também faz história – particularmente, gosto muito de trabalhos escolares que envolvam a família e a comunidade, é comum resultar em interações favoráveis à aprendizagem e ao convívio. As pesquisas (auto) biográficas podem ser contrapostas a fotografias, certidões de nascimentos, casamentos, escrituras de loteamento, boletins escolares, dentre muitos outros. Neste caso, à medida que alguém lembra como era a escola, pode-se resgatar os boletins e apresentá-los; ou quando a discussão está em torno da história local, as certidões de nascimento, loteamento, fotografias, etc. podem servir para apontar que, de fato, a pessoa residia naquele lugar.

      Entretanto, não será em todas as situações que será possível trabalhar com documentos “oficiais” e narrativas, mas ressalto que com estudantes da educação básica é sempre uma proposta interessante apresentá-los as diferentes possibilidades de investigação da história.

      Fico a disposição para responder novas perguntas, não sei se consegui me aproximar daquilo que você esperava, portanto, caso queira, podemos conversar mais sobre este tema.


      Abraços fraternos,

      Fábio Júnio Mesquita.

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  6. Boa noite. Inicialmente, gostaria de parabenizá-lo pela discussão, no atual contexto, precisamos trabalhar o conhecimento mais sistematizado de forma mais articulada e próxima a realidade do aluno, seja para despertar o interesse como para gerar significância. Irei me apropriar da nossa LDB vigente que insere educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental na educação básica para justificar a importância da história oral nesses primeiros contatos com a história da humanidade. Muito do desinteresse e da não capacidade de compreensão dos processos históricos vem de um ensino muito sistematizado em uma idade que os alunos ainda não tem a abstração necessária para o aproveitamento e uso das informações históricas. Se os professores trabalhassem mais com história oral e memória nesses primeiros contatos com a disciplina acredito que contribuiria muito não só para aumentar o interesse pela história como a aceitação de diferentes fontes e possibilidades de ensino, enfocando a história oral e a memória. O senhor concorda que a abordagem inicial da história deveria se basear naquilo que é próximo do aluno, quais são outras possibilidades de ensino nesse primeiro e tão importante contato com o saber histórico?
    Obrigada.

    Simoniely Lilian Kovalczuk Serathiuk

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