HISTÓRIA ORAL: CONTRIBUIÇÕES AO ENSINO DE HISTÓRIA
No início do século XX
a historiografia assistiu ao ruir do império positivista no que tange às formas
de pensar e de se organizar socialmente, passando a apresentar modificações
nesse cenário. Até então, os métodos de reflexão se concentravam numa
historiografia elitista com excessivo destaque a fatos e datas, em detrimento
da análise de suas conjunturas ou dos próprios sujeitos da história.
“Desde os tempos de Heródoto e Tucídides, a história tem sido escrita sob uma variada forma de gêneros: crônica monástica, memória política, tratados de antiquários, e assim por diante. A forma dominante, porém, tem sido a narrativa dos acontecimentos políticos e militares, apresentada como a história dos grandes feitos de grandes homens – chefes militares e reis.” (BURKE, 1991, p. 12).
Fruto desse descontentamento por parte de alguns
historiadores, surge na França em 1929 a revista ‘Annales d’Histoire Économique et Sociale’
criada por Lucien Febvre e Marc Bloch “tendo por modelo
os Annales de Géographie de Vidal de la Blache, a
revista foi planejada, desde o seu início, para ser algo mais do que uma outra
revista histórica.” (BURKE, 1991, p. 26).
A revista passou
a aceitar novos
pensadores, dando espaço para novas formas de pensar antigos problemas
inerentes à sociedade. Se contrapondo a historiografia até então cunhada no meio tradicional e positivista. Passou
a trilhar novas concepções metodológicas, sendo capaz de analisar situações
ligadas às conjecturas históricas, de organização, bem como das estruturas e
aspectos da vida humana. Esta mesma revista tornar-se-ia mais tarde um
importante símbolo da nova corrente historiográfica conhecida como “Escola dos
Annales”.
A ‘Annales d’Histoire Économique et Sociale’
procurava representatividade, principalmente na área da história social e no
campo econômico. “Seria o porta-voz, melhor dizendo,
o alto-falante de difusão dos apelos dos editores em favor de uma abordagem
nova e interdisciplinar da história.” (BURKE, 1991, p.
26).
Surgia então, não a história oral propriamente dita, mas o embasamento
para ela. Podemos compreender então, que a historiografia deu nesse momento, um
importante passo nesse sentido, fomentando embasamentos para sua
aplicabilidade. Assim, com o espaço cedido às mais variadas forma de construção
da história, a historiografia se aproximou e concedeu veracidade às fontes que anteriormente
não possuíam esse valor, dado o seu grau de subjetividade.
Com isso, as fontes, bem como os sujeitos da história, passaram a ter
valor na construção da história e não apenas na (re)construção de fatos. Contexto
esse, que Silveira (2007, p. 41), também destaca como sendo, o sujeito da
história deixando o anonimato e passando a validar suas próprias experiências.
E com isso, ajudando na compreensão de como o “passado chega até o presente” e
na escrita da história sem sacramentar certezas, mas ao contrário disso, “diminuindo o campo das
dúvidas.”
História oral: a subjetividade como processo de construção
do sujeito da história
É inegável que
precisamos compreender e utilizar mais, algumas ferramentas que a historiografia
nos coloca à disposição. Afinal, a história oral embora muito utilizada, só
adquiriu fidedignidade há pouquíssimo tempo e mesmo assim, há um receio muito
grande por parte de alguns historiadores em trabalhar com esse método. Tal fato
é até mesmo compreensível, já que é normal que o “novo” cause estranheza ou
desconforto para alguns. Porém, a desinformação só deixará de ser um
desconforto, com a informação. Nesse aspecto, é vital, o surgimento de novas
escritas que abordem o uso da oralidade e subjetividade, inclusive em sala de aula
e que aproximem de algum modo, o sujeito, da história.
O que
seria de fato a história sem a subjetividade? A história escrita que
conhecemos, não seria fruto da memória humana, bem como da subjetividade de
quem as escreveu?
Nesse
sentido, é necessário compreendermos situações que envolvem memória e
subjetividade, vejamos:
Rousso
(1996, p. 94) destaca que memória pode ser entendida como uma presença do
passado ou representação seletiva dele, inserida num contexto familiar, social,
nacional. Ou seja, memória é fruto de uma experiência de vida (subjetividade), aliada
às mais variadas formas de interação social. Sendo assim, “podemos, portanto dizer que a memória
é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva,
na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de
continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução em
si” (POLLAK, 1992, p 204). HOLBWACHS
(2003) destaca que memória é a interação do sujeito no coletivo,
essencial para a sociedade se organizar. A
memória é a responsável pela reorganização do passado no presente, "ela
prolonga o passado no presente" (BERGSON, 2006, p.247).
A
memória é tão subjetiva quanto os fatores ou conceitos interpretativos que
preenchem as fontes escritas. Assim, quando alguém relata um fato, o faz a
partir de um lugar que ocupa dentro da história. Uma vez que a forma como essa
pessoa compreende o espaço em que vive reflete na constituição do sujeito,
sendo, portanto, nesse ponto que a história oral encontra um referencial para compreender
e se utilizar da memória.
História
oral: o que é?
É um método
investigativo, utilizado há algum tempo, com sua gênese moderna calcada no
advento da “Escola dos Annales”. Foi com ela e através dela que esse método
investigativo ganhou espaço e voz e assim, transferiu espaço e voz aos sujeitos
da história, tirando-os do anonimato.
“[...] a história oral, mais do que corrigir ou complementar uma história tida como mais tradicional, permite-nos compreender o fazer histórico como algo em que o pesquisador se coloca como interlocutor interveniente, mais do que simplesmente acumulando informações sobre grupos ou categorias antes colocadas “fora da história”. (DUARTE; LAVERDI, 2008, p. 172).
Alberti (2010, p. 156),
relata que a prática de ouvir atores ou testemunhas de acontecimentos para
melhor compreensão já acontece há muito tempo. Para a autora, historiadores da
Antiguidade como Heródoto (485 - 425 a. C), Tucídides (460-395 a.C) e Políbio (203-120
a. C) se utilizaram desse procedimento para escrever sobre acontecimentos da
sua época. Outros como William Thomas e Florian Znaniecki, pesquisadores poloneses,
publicaram entre 1918 e 1920 (quase uma década antes do surgimento dos “Annales”)
uma obra em cinco volumes, intitulada ‘The Polish Peasant in Europa in America’
sobre as histórias de vida de imigrantes poloneses.
“Estavam afinados com as novas tendências de pesquisa empírica do departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, a conhecida Escola de Chicago, segundo a qual caberia ao pesquisador sair das bibliotecas e ir para o campo, no caso, a cidade, transformada em laboratório.” (ALBERTI, 2010, p. 156).
Assim, podemos
compreender que o uso da história oral não é um privilégio da modernidade, mas
que a modernidade trouxe afirmação à oralidade e modificou o modo como vemos as
outras formas de história. Um espaço de modificação, em que as práticas do
passado e da modernidade, apresentam poucas distinções, principalmente na forma
de condução da coleta de depoimentos e da análise das fontes orais. Em outras
palavras: se aplica valor de documento à fonte oral (áudio) e não a transcrição
(escrita).
“Fontes orais, são fontes orais. Os acadêmicos estão querendo admitir que o documento real é o teipe gravado; mas quase tudo fica para o trabalho das transcrições, e somente os transcritos são publicados. Ocasionalmente, teipes são realmente destruídos: um caso simbólico da destruição da palavra falada”. (PORTELLI, 1997, p. 26).
Aplicar valor de
documento às fontes orais (áudio) só se tornou possível, com a invenção do
gravador a fita em 1948, e da criação da Columbia University Oral History
Research Office, “programa de História oral da Universidade de Columbia fundado
por Allan Nevis e Louis Starr em Nova York” (Alberti, 2010, 156). Esses mesmos
fatos são considerados como o marco de “início da história oral moderna”.
História
oral: formas de organização
A história oral
apresenta pelo menos três diferentes posturas:
* História oral como
técnica:
“privilegiam as
experiências com gravações, transcrições e conservação de entrevistas, e o
aparato que as cerca, como os tipos de aparelhagem de som, formas de
transcrição de fitas, modelos de organização de acervos, etc.”. Essa orientação
nega qualquer pretensão metodológica ou teórica “a chamada ‘história oral’ não
passa de um conjunto de procedimentos técnicos para a utilização do gravador em
pesquisas e para a posterior conservação das fitas”. (ROGER, 1986 apud FERREIRA
2011, p. 169).
*História oral como
disciplina:
“baseiam-se em
argumentos complexos, por vezes contraditórios entre si. Todos, entretanto,
parecem partir de uma ideia fundamental, a de que a história oral inaugurou
técnicas especificas de pesquisa, procedimentos metodológicos singulares e um
conjunto próprio de conceitos [...]”. (MIKKA, 1988 apud FERREIRA 2011, p. 169).
* História oral como
metodologia:
“ Consideram a
história oral como método de investigação e tem como pressuposto, defender a
história oral como metodologia. Em nosso entender, a história oral, como todas
as metodologias, apenas estabelece e ordena procedimentos de trabalho – tais
como os diversos tipos de entrevista e as implicações de cada um deles para a
pesquisa, as várias possibilidades de transcrição de depoimentos, suas
vantagens e desvantagens [...]”. (FERREIRA 2011, p. 170).
Segundo Meihy (2002) há
pelo menos três tipos principais de história oral, vejamos:
* História oral de
vida - Apresentam a trajetória existencial de uma ou mais pessoas;
* História oral
temática - Que possui e segue um tema central; e
* A tradição oral - Em
que o cerne é uma memória ou prática carregada por gerações.
História oral: como e
quando trabalhar com ela
Silveira (2007, p. 41) destaca que o pesquisador/entrevistador
deve compreender, que a oralidade, tal qual a história, também possui suas
especificidades e deste modo não existe possibilidade de provar uma única e
absoluta verdade a partir dela. Nesse sentido, é dever do pesquisador
compreender que a história oral deve contribuir para a historiografia, ou seja,
um historiador se utiliza desta metodologia quando não há no meio
historiográfico, fontes escritas que contribuam para a pesquisa almejada, tal
contribuição não será encontrada no meio oral, mas cocriada num exercício de
respeito mútuo entre historiador e comunicador, através da entrevista.
“Trabalhar com História oral é, sobretudo, não querer uma história totalizante a partir dos depoimentos; tão pouco provar uma verdade absoluta. [...] É estar preparado para compreender que nem sempre o ato de rememorar é uma ação saudável e positiva para o sujeito, pois pode trazer dores e sofrimentos.” (SILVEIRA, 2007, p. 41).
Para
Portelli (2016, p. 09) o trabalho com a história oral só é possível com o
conhecimento da metodologia e da correta distinção entre fonte oral (que se
caracteriza, segundo o autor, por serem de formatos individuais, informais e
dialógicos, sendo, portanto, o resultado do encontro entre o narrador e o
historiador) e a tradição oral “composta por construtos verbais que são
formalizados, transmitidos, compartilhados”. Desse modo, trabalhar com a
oralidade é a possibilidade de explorar “áreas de experiência imprevistas”, sem esquecer-se
da necessidade de fazer “o cruzamento das informações, checando
cada narrativa contra outras narrativas e outros tipos de fontes”. Buscando sempre
a comprovação dos fatos narrados.
É
necessário compreender que escrita e oralidade não são objetos que se opunham
dicotomicamente, mas, que ao contrário disso, convergem para o mesmo fim, pois,
“haverá sempre um traço de oralidade riscando a escritura e as falas sempre
carregarão pedaços de textos.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2007, p. 30).
A
história oral no cenário historiográfico brasileiro
No Brasil por sua vez
a metodologia surge na década de 1970, com a criação pela Fundação Getúlio
Vargas, do Programa de História Oral do Centro de pesquisa e Documentação de
História Contemporânea do Brasil.
Porém,
destaca Meihy (2002) que o desdobramento do golpe militar iniciado em 1964 pôs
um freio no uso da história oral no Brasil ao proibir projetos ou experiências
que gravassem opiniões ou depoimentos. Enquanto aqui e em outros países da
América Latina sua prática era coibida, em outros locais do mundo “proliferavam
projetos de história oral”.
Para
Meihy (2002) fatores políticos e econômicos somados ao medo que as pessoas
tinham de ceder depoimentos tornaram-se grandes barreiras para o prosseguimento
da história oral durante o regime ditatorial. Somente em 1975 que se inicia no
CPDOC/FGV-RJ um programa pioneiro de história oral, passando a coletar depoimentos
da elite política nacional e a disponibilizá-los em um acervo. Segundo Queiroz
(1988), com a abertura, passou-se a usar a técnica, evitando assim que alguns
fatos não fossem documentados e acabassem-se por se perder com o tempo
Porém,
foi somente a partir de 1990 que a técnica passou a ser mais utilizada, com a
aceitação e utilização nas áreas de história e ciências sociais, bem como pela
criação da Associação Brasileira de História Oral, em 1994 e em 1996 a criação
da Associação
Internacional de História Oral, que realiza congressos
bianuais e também edita uma revista e um boletim.
Protocolos de História Oral
A
entrevista caracteriza-se por ser a principal técnica da história oral, apesar
de não haver uma receita de como o entrevistador deve se portar, há alguns
passos ou dicas que podem ser aproveitadas:
“1. Ter consciência de que não existe neutralidade do pesquisador desde a escolha pelo tipo de entrevista até qualquer outro instrumento de coleta de dados ou fontes. 2. Respeitar os princípios éticos e de objetividade na pesquisa, lembrando que nenhum método dá conta de captar o problema em todas as suas dimensões. Todas as conclusões são provisórias, pois podem ser aprofundadas e revistas por pesquisas posteriores. 3. O pesquisador não deve se apropriar da entrevista somente como uma técnica de coleta de dados, mas como parte integrante da construção do objeto de estudo. 4. A entrevista compreensiva não tem uma estrutura rígida, isto é, as questões previamente definidas podem sofrer alterações conforme o direcionamento que se quer dar à investigação. Dar preferência a perguntas mais abertas e a um roteiro flexível. 5. Reservar um tempo relativamente longo para a realização da entrevista. 6. Durante a entrevista, é válido ter um diário de campo onde possam ser feitas anotações das reações, posturas e impressões do entrevistado, dificuldades nas informações obtidas, o que provocaram suas lembranças, novidades nas informações ou conteúdo, informações obtidas em off, etc. 7. Fazer uso de elementos que evoquem a memória do entrevistado como fotografias, recortes de periódicos e menção a fatos específicos podem facilitar o desenvolvimento do trabalho. 8. Construir fichas que organizem e orientem as futuras fontes orais. Deve-se privilegiar dados como: nome do entrevistado, número da entrevista que vai representar dentro do universo da pesquisa, idade do entrevistado, endereço, local onde foi gravada a entrevista, nome do entrevistador, idade, profissão, religião, data das entrevistas realizadas com o informante, em que fitas (previamente numeradas) estarão gravadas as entrevistas, em que páginas da transcrição se encontrarão referências a determinados temas e se há alguma restrição ao acesso às informações. 9. No início da entrevista, gravar informações como: nome do entrevistado, do(s) entrevistador(es), data, local e finalidade do trabalho. 10. Providenciar um Termo de Consentimento Informado, onde fique bem claro ao entrevistado: a) finalidades da pesquisa; b) nome do informante e número do documento pessoal, como RG; c) se a divulgação da entrevista oferece riscos ou prejuízos à pessoa informante; d) permissão ou não para divulgar o nome do informante (caso não seja permitido, orienta-se que se produza uma declaração para esse fim no verso do termo, sendo assinado por ambas as partes (pesquisador e entrevistado), podendo o informante optar por um pseudônimo; e) cedência dos direitos de participação do entrevistado e seus depoimentos para a pesquisa em questão; f) abdicação dos direitos autorais do entrevistado e de seus descendentes; g) data e assinatura do termo pelo participante e pesquisador – torna-se importante, nesse item, anexar ao termo que será assinado por ambas as partes, a transcrição da entrevista.” (SILVEIRA, 2007, p 39-40 – grifos meus).
Por se tratar de
pesquisa envolvendo seres humanos se faz necessário que o projeto de pesquisa
esteja em acordo com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho
Nacional de Saúde. Resolução essa que prevê os casos em que a pesquisa deve
acontecer, exigências, métodos adequados e define parâmetros e padrões éticos
para desenvolver a pesquisa.
Disponível em:
Importante
também, que o Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) contemple quais
procedimentos podem oferecer riscos (ou não) ao entrevistado, questões de liberação
de uso de imagem, armazenamento das entrevistas e quem será o responsável pela
pesquisa e pelo acervo, quando a pesquisa for concluída. Devemos imaginar que a
pessoa que cedeu a entrevista gostará de saber o que será feito com sua
entrevista quando a pesquisa for concluída.
Por fim, porém
não menos importante: o projeto deve passar por um Comitê de Ética em Pesquisa,
com fins a resguardar o entrevistador, bem como o entrevistado. Nesse momento
são definidas situações que podem decidir pelo prosseguimento ou não da
pesquisa.
Considerações
finais
O trabalho com a oralidade requer atenção,
comprometimento, sensibilidade e principalmente respeito. É preciso compreender
que história oral não se faz sozinha, tampouco é possível apenas com a figura
do historiador, mas, ao contrário disso, é fruto de um trabalho árduo e de
respeito mútuo, em que a figura do depoente e do entrevistador possuem iguais
valores e mesmo destaque.
O
entrevistador deve mergulhar na história narrada, atentar aos roteiros, mas ser
maleável quanto a eles, além de ter sensibilidade suficiente para compreender
que a história oral busca dar espaço e voz aos sujeitos anônimos da história e
assumir assim, sempre que possível, um papel de ouvinte e não ao contrário. Conforme já mencionado, o roteiro é essencial
à pesquisa, porém, ele deve ser maleável e estar de acordo com as situações que
o pesquisa/pesquisador encontrar na prática. Respeitar o depoente que não fala
sem a provocação do pesquisador e saber ouvir o depoente que solta o verbo e
não para mais de falar são vitais ao desenvolvimento de um projeto usando a
oralidade.
Afinal,
o que seria a história oral sem a arte da escuta?
Referências
Leanderson
Cristiano Voznei é graduado em história pela Universidade Estadual do Paraná,
Pós-graduando nas áreas de Educação Especial/Inclusiva e Educação no Campo pela
Faculdade Venda Nova do Imigrante. Também é graduando em
Letras Português/Espanhol pela Universidade Estadual do Norte do Paraná.
ALBERTI, Verena. Fontes Orais. História dentro da
História. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Orais. São Paulo:
Contexto, 2005, p. 155-202.
BERGSON, Henri. Matéria e Memória: ensaio sobre a
relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins e Fontes, 2006.
Burke, Peter. A
Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales
1929-1989 / Peter Burke; tradução Nilo Odália. – São Paulo:
Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.
DUARTE,
Geni Rosa. LAVERDI, Robson. MIGRAÇÕES E OUTROS DESLOCAMENTOS: PERSPECTIVAS DE
INVESTIGAÇÃO. 2008, p. 171-181.
FERREIRA, Marieta de Moraes. História oral: velhas
questões, novos desafios. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org).
Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
HOLBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de
Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2003.
MEIHY,
J.C.S.B. Manual de história oral. São Paulo: Loyola, 2002. 246p.
POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos
Históricos: Teoria e História, Rio de Janeiro, vol.5, n.10, 1992.
PORTELLI. Alessando. O que faz a história oral
diferente. São Paulo, 1997, p. 26-27.
PORTELLI. Alessandro. Forma e significado na história
oral. A pesquisa como um experimento em igualdade. São Paulo, 1997, p.9.
PORTELLI. Alessandro. História oral como arte da
escuta. São Paulo. 2016, Letra e voz, p. 09.
QUEIROZ,
M. I. P. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: Von Simon, Olga de
Moraes (org.). Experimentos com histórias de vida (Itália-Brasil). São Paulo:
Vértice, 1988, p. 14-43.
ROUSSO, H. A memória não é mais o que era. In: AMADO J.
FERREIRA, M. de M. (Org). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1996.
Gadamer: Diz: A vanguarda do conhecimento está no senso comum e conseqüentemente na historia ensinada, como dialogar com a oralidade?
ResponderExcluirAs redes sociais são colocadas muitas opiniões em exposição em geral. A oralidade está preparada para esse momento de diversos testemunhos?
Maurilio de Oliveira - Estudante de Historia - Uem - Ra 94071.
Boa noite Maurilio, tudo bem? Obrigado por comentar meu texto.
ExcluirUm pesquisador/historiador deve partir do entendimento que a oralidade é, sobretudo, um trabalho aproximado com a subjetividade. Quando há esse entendimento por parte do pesquisador o trabalho flui e os depoimentos se tornam mais próximos da realidade. Vale lembrar aqui que a oralidade não busca uma história totalizante, algo que também não será encontrado com qualquer outro método investigativo que se utilize. Da oralidade surgem "narrativas", importante lembrar. Quanto a sua última interrogação eu concordo com você no tocante ao momento em que vivemos possibilitar "diversos testemunhos". Porém, não vejo isso como um problema para a oralidade, pois isso é o que torna a oralidade mais agradável e propício ao trabalho investigativo e não ao contrário...
É extremamente recente o uso da fonte oral em pesquisas científicas relacionadas ao campo histórico. Fato este que, por muito tempo a história foi contada a partir de resquícios positivistas, retóricos e lineares, que vangloriavam os feitos heroicos, o homem branco e rico e a enfase nas lei como padrão geral. Para pensarmos: Podemos estabelecer relações entre fonte oral e veracidade histórica?
ResponderExcluirCARLA CATTELAN
Boa noite Carla, tudo bem? Obrigado por comentar meu texto.
ExcluirEntendo que fonte oral possui a mesma carga de subjetividade que encontramos numa fonte escrita, por exemplo. Pois ambas, surgem da definição de historicidade de quem as narrou/escreveu. Sendo assim o simples fato de se tratar de fonte escrita ou oral não pode e tampouco deve ser visto como diferencial para aplicarmos, ou não veracidade histórica. Pois, assim como nas fontes escritas, nas fontes orais também são realizados os "cruzamentos de informações" a fim de contrapor as narrativas com outras narrativas ou até mesmo com outros tipos de fontes, buscando realmente produzir veracidade histórica. Ainda nesse sentido, a veracidade histórica é adquirida primeiramente com a figura do pesquisador, pois ele reúne e possui as qualidades necessárias ao exercício da "investigação histórica" e segue com a adoção dos protocolos corretos, bem como da correta problematização e delimitação temática.
Bom dia, Leanderson. Ótimo texto. Na academia as fontes orais não tem muita validade ainda, pois não acreditam em sua veracidade como fonte histórica. Sendo assim, qual(is) a(s) forma(s) de tentar romper com essa barreira em que a História produzida nos meios acadêmicos é tida como "científica" e as que não são produzidas em seu meio são vistas com maus olhares, sendo identificadas, por vezes, como História "não científica" ou "fictícia", no caso específico da História Oral.
ResponderExcluirBruno Erbe Constante - Graduando em História pela UFRGS.
erbeconstante@gmail.com
Boa noite Bruno, tudo bem? Obrigado por ler e comentar meu texto. Primeiramente, tenho que ressaltar que foi durante minha formação que tive contato com a história oral, embora muito rapidamente. O que ocorre é que dada a especificidade dessa metodologia, bem como a necessidade de atenção redobrada e cuidados que muitas vezes não são necessários com outros tipos de fontes, ela acaba se tornando mais trabalhosa aos olhos de quem ainda não trabalhou com ela. Opinião essa que só se modifica quando passamos a trabalhar com a oralidade. Sendo assim, entendo que o "receio" em trabalhar com a oralidade possui mais ligações com a complexidade dos "protocolos metodológicos" do que com possíveis barreiras no meio acadêmico. Porém, vale ressaltar que concluo minha opinião levando em consideração as observações que possuo, não posso falar num sentido mais amplo, abrangendo outras Universidades e/ou suas formas ou adoções de trabalhos. Por fim, acredito que a história oral se desenvolveu muito nos últimos anos, tornando-se até mais acessível aos pesquisadores e entendo que ela crescerá muito mais nos próximos, principalmente se levarmos em consideração o momento em que vivemos no nosso país.
ExcluirUm abraço.
Bom dia Leandro, muito pertinente seu texto. Gostaria que você comentasse duas questões: Primeiro, como você vê a fonte oral, em uma perspectiva de que ela se configura como a única fonte histórica que o próprio historiador produz? segundo, tenho uma pesquisa sobre ensino de história para alunos surdos. fiz entrevistas com vários deles, aponto para a história oral, mas destaco a construção de narrativas sinalizadas, registradas em vídeos. Como observei sua pós em educação especial/inclusiva, gostaria de "ouvi-lo" acerca das especificidades deste tipo de entrevista. Obrigado
ResponderExcluirErnesto Padovani Netto
Boa noite Ernesto, tudo bem? Grato por ler e comentar meu texto. Respondendo sua primeira interrogação: vejo a fonte oral como uma fonte "normal" se é que posso dizer assim. Entendo que a fonte oral possui o mesmo teor de subjetividade que uma fonte escrita, por exemplo. Pois, ambas são fruto de um processo de historicidade que possui narrador/personagem e ouvinte/escritor que é a figura do historiador. Sendo assim, compreendo que a fonte escrita se encaixe mais como sendo "a única fonte histórica que o próprio historiador produz", uma vez que ela é fruto do entendimento do historiador. Algo que não se aplica às fontes orais, pois elas são "cocriadas" pelo depoente e pelo historiador. Sobre sua segunda interrogação, destaco o que você certamente já sabe: pouco ou quase nada se faz para esse público alvo. Sendo assim, devo te parabenizar pelo trabalho e, certamente, pela dedicação já que não é uma tarefa fácil. Confesso que tenho interesse em trabalhar com alunos especiais, mas não havia pensando na possibilidade de trabalho envolvendo oralidade e narrativas sinalizadas, fiquei muito interessado nos seus resultados. Enfim, podemos trocar algumas informações via e-mail se você tiver interesse. Meu e-mail é leanderson-voznei@bol.com.br
ExcluirUm abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEm poucos dias lançarei uma videoaula de história em Libras no You Tube e no Facebook. Me adicione no Facebook "Netto Padovani", a partir deste vídeo podemos ir conversando.
ExcluirObrigado
Ernesto Padovani Netto
Boa tarde novamente Ernesto. Te enviei convite no facebook, será um prazer acompanhar seu belíssimo trabalho.
ExcluirAtenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Quais as formas de tentar romper com essa barreira em que a História produzida nos meios acadêmicos é tida como "científica" e as que não são produzidas em seu meio são vistas com maus olhares, sendo identificadas, por vezes, como História "não científica" ou "fictícia", no caso específico da História Oral?
ResponderExcluirBoa tarde Luzia, tudo bem? Obrigado por ler e comentar meu texto. Vou responder a você o que já respondi em outro comentário acima, que também possui uma interrogação parecida com a sua: foi durante minha formação que tive os primeiros contatos com a história oral. Embora muito rapidamente, foi o suficiente para despertar meu interesse. Sendo assim, entendo que não há uma barreira à oralidade, o que ocorre é que dada a especificidade dessa metodologia, bem como a necessidade de atenção redobrada e cuidados que muitas vezes não são necessários em outros tipos de fontes, ela acaba se tornando mais trabalhosa aos olhos de quem ainda não trabalhou com ela. Essa opinião se dissolve à medida em que passamos a trabalhar com história oral. Ainda nesse sentido, se faz necessário esclarecer que quem trabalha com essa metodologia, tem ciência que o trabalho com a subjetividade não é tarefa fácil e cumpre uma série de protocolos que buscam, realmente, deixá-la o mais próximo possível da realidade. Por fim, a oralidade como fonte não é um privilégio do mundo contemporâneo conforme destaquei no meu texto, porém, podemos dizer que no Brasil ela é bastante nova. Esse fato, aliado ao desconhecimento dos protocolos e procedimentos metodológicos, pode ser o responsável por não termos um número maior de pesquisadores envolvidos com a história oral.
ExcluirUm abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Leanderson.
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho.
No decorrer da História recente a história oral ganhou folego, antes era descartada. Mas falando sobre o tema, tem um ótimo exemplo do tema quando trabalho com os meus alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, peço a eles que entrevistem um familiar ou um conhecido com "mais tempo de vida" para relatar como era a sua infância, como era a escola, do que eles brincavam, isso desperta um ser participativo tanto para o aluno com o "entrevistado". Um aluno relatou que ele falava pouco com o seu avô, apos esse trabalho ele notou como eu poderia aprender coisas com o seu familiar, alem do mais, ele disse que agora faz parte da História.
Você acha que esse tipo de trabalho no início da formação escolar pode ajudar a expandir a aceitação e a utilização das fontes e da História oral?
Obrigado
Anderson da Silva Schmitt
Boa noite Anderson, tudo bem? Obrigado por ler e comentar meu texto. Primeiramente, parabéns por aguçar a curiosidade de seus alunos de uma forma tão interessante, importante e proveitosa. Acredito que esse trabalho realizado por você pode sim, trazer resultados satisfatórios no tocante ao uso e aceitação da história oral. Porém, mais que isso, acredito que seu trabalho certamente, já está surtindo resultados positivos na vida familiar de seus alunos. Infelizmente, sabemos que nossos jovens perderam um pouco da alegria, motivação e "brilho nos olhos" que nós tínhamos quando falávamos com pessoas de mais idade, e isso é bem compreensível já que as inovações do mundo moderno acabaram preenchendo esses espaços. Porém, acredito que seja desse modo e principalmente no início da formação escolar que podemos modificar, pelo menos um pouco, essa triste realidade.
ExcluirUm abraço.
Olá Leanderson.
ExcluirA ideia no trabalho dessa forma com os alunos e primeiro aproximá-los do seio familiar e segundo mostrar que o conteúdo escolar pode ser sim prazeroso. A História oral é uma ótima forma de conduzir ele trabalho.
Abraço
Anderson da Silva Schmitt
Ótima ideia e belíssimo trabalho meu caro, abraço.
ExcluirAtenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Parabéns pelo texto Leandreson.
ResponderExcluirTemos acompanhado nos últimos anos um crescimento do número de trabalhos de História Oral no Brasil, que têm auxiliado na divulgação e desconstrução de preconceitos dentro e fora do meio acadêmico. Como exemplo, temos o desenvolvimento de vários projetos de pesquisa em História Oral com foco nas tradições populares, que com o advento das novas tecnologias tem cada vez mais perdido seu espaço na cultura e memoria dos grupos sociais. Na sua opinião qual o papel da introdução de oficinas de história oral para estudantes de escolas presentes em comunidades tradicionais? E de que forma as novas tecnologias e mídias sociais podem auxiliar na preservação de tradições orais populares?
Boa noite Leandro, tudo bem? Grato pela leitura e comentário em meu texto. Sou favorável ao uso de oficinas de história oral e acho que essa seja uma forma muito importante para fomentar o uso da oralidade, bem como de resgates culturais/tradicionais que estão se perdendo. As novas tecnologias têm auxiliado e servido de apoio aos pesquisadores que trabalham com a oralidade. Assim, acredito que elas devem ser utilizadas, no entanto, alguns cuidados devem ser observados, principalmente no tocante à preservação dos protocolos, bem como da figura do depoente. Vale lembrar que fazer história oral não significa apenas ligar um gravador ou filmadora e fazer algumas perguntas, fazer história oral é preocupar-se com o conforto do depoente, ter sensibilidade e principalmente, "saber ouvir". Cuidados esses que diferenciam a história oral de outras áreas e de outros tipos de fontes.
ExcluirUm abraço.
Boa tarde!
ResponderExcluirParabéns pelo seu texto!
Vejo muitos alunos interessados em trabalhos de História Oral e, muitas vezes, os mesmos encontram muitas barreiras para conseguirem desenvolver seus trabalhos.
O meu questionamento é o seguinte: o Sr. acredita que a História Oral seja algo complexo de se trabalhar? Há alguma dificuldade maior aqui no Brasil, de forma mais específica, para o desenvolvimento deste tipo de trabalho?
Obrigada!
Ass. Letícia Simões Malerba
Boa noite Letícia, tudo bem? Grato pela leitura e comentário. Há sim uma certa complexidade nessa metodologia de trabalho, tendo em vista a existência de protocolos e cuidados que devem ser observados. Porém, nada que seja desgastante ou que desabone seu uso. Os protocolos e cuidados que devemos observar servem justamente, para evitar possíveis impedimentos ou problemas na sequência do trabalho e resguardar a figura do depoente e do pesquisador. Como o trabalho com a oralidade terá como base a pesquisa com seres humanos o projeto deverá ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do órgão responsável pela pesquisa e é nesse momento que se decidirá pelo prosseguimento ou não da pesquisa.
ExcluirUm abraço.
Primeiramente Parabéns pelo texto Leanderson... minha pergunta é sobre qual a importância da memória individual e da memória coletiva para a construção da História Oral?
ResponderExcluirdesde já agradeço...
JOSÉ CUNHA LIMA
Boa tarde José, grato pela leitura e comentário em meu texto. As lembranças são construídas ou constituídas através de um grupo social (família, escola, grupos de amigos,etc) e esses grupos sociais se utilizam de uma linguagem como forma de socialização. Sendo, portanto, através da linguagem que teremos a constituição da memória coletiva. É necessário que tenhamos como ponto central o que Halbwachs (2006) caracteriza como "memória coletiva". Ou seja, para o autor "cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva". Assim sendo, não há uma reflexão acerca da memória sem levar em consideração os contextos sociais que convergem para a re(construção) da memória coletiva.
ExcluirEspero ter esclarecido.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Obrigado pela atenção, escolheu um dos melhores autores para me responder...
ExcluirJosé Cunha Lima
Mestrando UFPB
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde.
ResponderExcluirA oralidade sempre foi e ainda é uma importante ferramenta no processo de construção do conhecimento e da história, mesmo que esta importância nem sempre tenha sido reconhecida. No Brasil, como você apresentou, a História Oral ganha espaço bem tardio, mesmo sendo o Brasil um país originalmente ocupado por povos que usavam, alguns ainda usam, a oralidade como a principal fonte de transmissão de valores culturais e tradicionais, os povos indígenas. Assim eu pergunto: o reconhecimento tardio da História Oral no Brasil estaria relacionado à ideia de "dizimação dos povos nativos", tanto propagado no processo de (re)colonização do território e ainda hoje, veladamente, defendido por alguns? Teria sido uma estratégia? Se sim, deu certo em partes?
LUCIANA HELENA DE OLIVEIRA VICELI
Boa tarde Luciana, obrigado por ler e comentar meu texto. Acredito que a dizimação dos povos nativos no Brasil seja a responsável pela interrupção de certos elementos culturais/tradicionais que antes tinham a oralidade como fonte primária de transmissão. Tal interrupção pode sim, no meu entendimento, ter uma certa "culpabilidade" que resultou na adoção de outros tipos de linguagem como forma de transmissão cultural/tradicional. Porém, vale ressaltar também, que a oralidade enquanto metodologia investigativa é bastante recente no país, já que foi proibida durante a ditadura militar. Esses fatos, certamente, são responsáveis por não termos um número maior de pesquisadores envolvidos com essa metodologia.
ExcluirEspero ter esclarecido.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Boa tarde!
ResponderExcluirA história Oral vem sendo uma fonte presente nos trabalhos acadêmicos, mesmo assim ainda exite resistência de alguns por não considerar está uma fonte confiável.
O que deve ser feito para tentar solucionar essa problemática?
Antonio Francisco de Souza
Boa tarde Antonio, grato por ler e comentar meu texto. Infelizmente, na maioria das vezes a "resistência" em trabalhar com fontes orais é fruto do desconhecimento da metodologia, bem como dos seus procedimentos e protocolos. Nas fontes orais há o mesmo teor de subjetividade que o existente nas fontes escritas, por exemplo. Uma vez que ambas são fruto de um processo de historicidade que possui narrador/personagem e ouvinte/escritor que é a figura do historiador. Logo, apenas a "informação" pode quebrar resistências que o meio acadêmico já quebrou.
ExcluirEspero ter esclarecido.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Boa tarde!
ResponderExcluirConheço sua linha de pesquisa, e como sempre muito bem abordado o tema.
Porém, ocorreu uma dúvida, ao realizarmos o trabalho com a história oral, com alunos do ensino médio, identificamos as subjetividades presentes nos relatos relacionados ao tema proposto ou apresentado. Assim, como devemos utilizar esse material, sendo que a probabilidade de sempre apresentar pontos antagônicos à nossa linha de pesquisa, trabalho ou bordagem do tema?
Everton Schwartz da Silva
Boa noite meu amigo, me sinto muito honrado com sua participação e leitura do meu texto. Sua pergunta pertinente revela mais uma vez seu perfil profissional e responsável que privilegia as diversas formas de metodologias e formas de abordagem em sala de aula.
ExcluirAcredito que a subjetividade não seja um problema para quem trabalha com a oralidade, pois, se por um lado ela age apresentando pontos antagônicos ao trabalho proposto, por outro, cumpre com uma das principais funções da história que é fomentar um padrão mínimo de criticidade em nossos alunos. Ainda nesse sentido, as diferentes formas de interpretação propiciadas pela subjetividade também possibilitam uma certa aproximação com a metodologia, explico: quando há um ponto de vista que diverge do tema proposto, há ali também um processo subjetivo que teve como alicerce as informações que se constituíram em memória coletiva, sendo portanto, o entendimento de um grupo social (família, igreja, escola, amigos, etc) para com um determinado tema ou assunto. Logo, o que parece divergir, pode estar na verdade aproximando. O essencial talvez seja o entendimento que mesmo a divergência constituí uma forma de aprendizagem histórica, pois, é através da forma de pensar do (s) aluno (s) que o professor encontra campo fértil para enxergar e trabalhar certas situações problemáticas ou estereótipos.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Boa noite
ResponderExcluirConsidero muito interessante sua pesquisa. Entendo que as fontes oris são fundamentais para a reconstrução da história, sendo que quando trabalhamos com os temas que não foram registrados, as entrevistas são os principais meios de reconstruir a história. Porém pergunto ao autor do texto quanto a veracidade das fontes orais. Será que as fontes orais podem ser utilizadas como uma verdade histórica? Será que as pessoas em seus relatos contam a história realmente como aconteceu ou conforme os seus interesses?
Inês Valéria Antoczecen.
Boa noite Inês, obrigado por ler e comentar meu texto.
ExcluirPrimeiramente, devemos ter ciência que quando trabalhamos com a oralidade, estamos também trabalhando com a subjetividade que se destaca através da memória. Assim, ao trabalhar com a oralidade é vital que levemos em consideração conceitos mínimos de definição e conceituação da memória, bem como dos contextos sociais ao qual a pesquisa está relacionada, já que a memória nada mais é do que o entendimento de um determinado grupo social para com um determinado assunto. As pessoas narram um fato se utilizando do entendimento que possuem, usando a memória para esse fim, no entanto, a narrativa por si só não constitui uma verdade histórica e é por esse motivo que o pesquisador realiza a checagem das informações e a contraposição de narrativas com outras narrativas ou com outros tipos de fontes.
Espero ter esclarecido.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Olá Leanderson
ResponderExcluirComo achas que as memórias devem ser tratadas quando há discrepância com a fonte documental?
VÂNIA FARIAS FERREIRA
Boa noite Vânia, obrigado por ler e comentar meu texto.
ExcluirAntes de mais nada é necessário lembrar que Segundo Halbwachs (2006) a constituição da memória se dá através de um grupo social (família, escola, grupos de amigos,etc) e esses grupos sociais se utilizam de uma linguagem como forma de socialização que resulta numa "memória coletiva". Assim, o trabalho com a história oral encontra amparo quando não há no meio historiográfico outros trabalhos que contribuam para a temática proposta. Quando um trabalho com a oralidade é desenvolvido o pesquisador tem a obrigação de contrapor as narrativas com outras narrativas (quando for o caso) e com outros tipos de fontes, procurando, justamente verificar possíveis discrepâncias entre elas. Porém, vale lembrar também, que a história oral não é "totalizante", assim como as outras formas de história. Ou seja, não há no processo investigativo uma forma de história que contemple as demais ou uma única resposta para todas as interrogações possíveis, cabe ao pesquisador analisar e se aprofundar em cada caso.
Espero ter esclarecido.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Olá Leanderson! Pertinentes suas contribuições em relação a História Oral. Essa metodologia apesar de ser vista por alguns, com certa desconfiança, é uma prática que vem ganhando destaque entre os estudiosos. Depoimentos permitem dar vozes a sujeitos comuns que fizeram ou fazem história no “seu tempo”. Diante disso, qual o seu posicionamento, da relação entre História Oral e a História Local?
ResponderExcluirValdenira Silva de Melo
Boa noite Valdenira, obrigado por ler e comentar meu texto.
ResponderExcluirA relação história oral/história local me agrada muito, principalmente pela condição de aproximação do sujeito com a história. Pois, ao abordarmos situações que envolvem a história local nos deparamos com fatos que aconteceram em nosso bairro, nossa rua, nossa escola, etc. Enfim, existem várias possibilidades metodológicas de trabalho para a história local e dentre elas, a própria história oral.
Atenciosamente,
Leanderson C. Voznei
Olá Leanderson.
ResponderExcluirDurante a leitura de seu trabalho fiquei pensando sobre as diversas possibilidades de trabalhar a história oral em sala de aula. A partir do texto, é possível trabalhar a história oral em sala de aula de modo que possamos conceber a autenticidade histórica do depoente para o ensino de história?
JULIO JUNIOR MORESCO