ENTRE O ENSINO DE HISTÓRIA E A
EMANCIPAÇÃO HUMANA
Certa
vez, um aluno em meio a um diálogo proferiu palavras dizendo que para se
aprender História é necessário decorar o conteúdo. Entretanto, se o método
consiste apenas na “decoreba” e não na reflexão crítica sobre um tempo que diz
respeito até mesmo a esse aluno, abre-se a possibilidade para que o ensino
falhe, pois acaba não construindo bases para que a consciência desse sujeito
floresça como um cidadão. Através disso, pode-se perceber a disparidade, assim
como, a incongruênciada relação entre o objetivo e os métodos ensinados a
futuros professores de História na universidade e as condições para que isso
aconteça na sala de aula. Portanto, torna-se necessário pensar qual caminho o
ensino teria que tomar para que seja proveitoso a esses alunos e de que maneira
fundamentar a relevância que o mesmo tem para esses jovens que são, por
excelência, cidadãos em formação. Esta questão, também se relaciona com o fato
de que o currículo e métodos de muitos professores de História, além do próprio
ambiente de ensino, podem ser obsoletos tendo em vista as demandas que a
realidade impõe aos professores nos dias atuais no Brasil.
A
mudança nos métodos de ensino, assim como o próprio entendimento e objetivo da
História podem ser respaldados pela ação do educador em sala de aula, afinal a
mudança pode se iniciar de dentro da sala para a escola, da escola para as
outras escolas, e assim por diante. O sistema,
quando analisado sob a ótica materialista histórica e dialética, portanto,
buscando evidenciar a totalidade das relações sociais e por consequência
estabelecendo pontos de dialogo que permitem a estrutura política, econômica,
social, cultural e educacional funcionar como uma engrenagem que condiciona a
reprodução da ideologia do Estado. Sendo assim, para que este sistema funcione
é necessário que se estabeleçam regras que o permitam vigorar e muitas vezes ainda
dificultem a sua transformação ou mesmo a sua substituição por um modelo antagônico.
Contudo, quando se pensa na semântica da palavra sistema, percebe-se que é uma metáfora usada para dar significado a
existência de indivíduos organizados, que compõe diferentes grupos estratificados
em classes e que se movimentam de acordo com as regras estabelecidas nesta
sociedade com vistas de manter o sistema em
uma atividade continua. Portanto, é possível entender também que o sistema é formado por pessoas, e se
pessoas são capazes de transformar a realidade, mudanças podem vir a acontecer
de acordo com a mobilização dos indivíduos que compõe esta sociedade. Sendo
que, isto inclui o próprio entendimento do que significa a História e qual a
sua relevância para o aprendizado desses alunos. Lembrando que regras existem
objetivando-se a necessidade de que sejam cumpridas, entretanto, é primordial que
as mesmas sejam questionadas, para que assim se permita a reflexão sobre as
mesmas. Afinal, sem questionamentos a realidade nunca poderá ser transformada. Desta
maneira, sabendo-se que o ensino de História encontra-se submetido às forças e
pressões que o sistema mantém sobre o
mesmo, e entendendo também as mudanças que a sociedade necessita que aconteçam,
pode-se investigar qual a finalidade do ensino de História e quais
transformações é possível gerar no âmbito social a partir de uma formação
consciente da realidade.
Utilizando-se
do texto de Luis Fernando Cerrí como ponto de partida, percebe-se que o mesmo
elabora uma finalidade para o ensino de História fundamentada na reflexão sobre
o conceito de consciência histórica
que, em suma, pode ser observado como algo imanente a própria atividade do
pensamento humano e deve ser desenvolvida através de uma didática de história
permitindo ao educando elaborar um pensamento crítico sobre sua realidade
(CERRÍ, 2011). Dentro de uma profunda investigação feita dentro da História e também
elaborando diálogos e debates com os alunos, chega-se à compreensão de que a História
pode ser entendida como uma ciência que estuda as mudanças e os processos que a
humanidade desenvolveu ao longo do tempo e como se modificou deste então. Sendo
assim, abre-se a possibilidade do questionamento da realidade e de quais as
possibilidades e formas de mudança que poderiam se efetuar. Um dos objetivos
principais que Cerrí elabora para o ensino de história é a formação de cidadãos ativos na sociedade. Cidadãos que participam da política e
defendem seus direitos, bem como, cumprem com seus deveres. No entanto, o
conceito de cidadania é suscetível de
ser questionado e elaborado de uma forma mais profunda, com vistas de que a
concepção de um modelo de cidadão
tenha a possibilidade de efetivar mudanças profundas na estrutura da sociedade
a partir do entendimento de suas ações.
A
cidadania ativa com a qual Cerrí
trabalha pressupõe uma consciência
histórica, enquanto a cidadania
nos termos propostos por Marx se dá de acordo com a percepção do homem que não
se vê na mediação entre as forças publicas e privadas, mas sim no
reconhecimento de suas forças como apenas parte das relações públicas. Neste
sentido, pode-se entender que para que o homem emancipe-se a tal ponto seria
necessário transformar os valores da sociedade burguesa, onde a emancipação não
seria apenas política, mas seria uma emancipação propriamente humana, pois o
resultado desta transformação viria a originar um novo modelo de homem. Sendo
assim, pode-se conceber que este processo viria a se desenvolver como resultado
das forças dialéticas de transformação da História, que se encontram na luta de classes, considerado por Marx a
força motriz da História da humanidade (MARX, 2015; p.65). No entanto, um dos
pilares que compõe a luta de classe é
o conceito de consciência de classe, sendo
este, a consciência que uma classe faz de si mesma a partir de sua posição nas
relações materiais de produção e, desta maneira, reconhece a si mesma enquanto
classe em um determinado processo histórico. Não obstante, a consciência de classe é a dimensão que
se desenvolve na medida em que a luta de
classes se intensifica, transitando em diversas fases, chegando a enfrentar
as contradições estruturais do sistema e
conceber que não há outra saída para fugir destas contradições a não ser a
revolução. Sendo assim, o individuo ao reconhecer a necessidade da
transformação de sua sociedade “passa a conceber um sujeito coletivo como
agente da transformação necessária” (IASÍ, 2011; p.35). Neste processo, o
individuo não apenas se coloca como parte da luta revolucionária, como também,
toma para si a identidade e a História de sua classe. Desta forma, pressupõe-se
que desenvolver uma consciência sobre as contradições da sociedade, assim como,
entendê-las como as razões de sua luta implica ter um conhecimento sobre a
História que envolve o processo que deu origem a sociedade que esta classe se
encontra. Além disso, se o próprio o movimento da História é a luta de classes, e o sentido que esta
toma encontra-se na consciência de classe,
a consciência histórica estaria
imbuída no desenvolvimento deste processo, desde seu inicio até o seu fim, por
ser também algo imanente ao pensamento humano. Portanto, neste sentido torna-se
possível entender que a existência de uma consciência
de classe pressupõe a existência de uma consciência
histórica minimamente formada em primeira instância. Não obstante, a consciência histórica pode se
estabelecer em um processo diacrônico onde se trabalha a História como uma
ciência da transformação de acordo com os diversos estágios pelos quais a
humanidade desenvolveu seu curso, assim como, em um processo sincrônico
percebendo as forças que se encontram em jogo nas formações históricas da
sociedade. Sendo assim, a consciência
histórica mantém um dialogo com a consciência
de classe, até mesmo coexistindo em um processo histórico. Sendo assim, a emancipação
humana é tanto uma parte, como também, resultado de um processo que implica formar
uma consciência sobre a realidade.
O
problema da emancipação humana surge em Marx como consequência da cidadania
plena, onde, através da mesma o homem não se enxergaria mais como refém da sociedade civil e entenderia a
relevância de suas ações dentro da esfera pública sem ignorar o poder de sua
atuação na esfera social. Sabendo que o conceito de sociedade civil em Marx se
apresenta como uma dimensão da estrutura, surgindo das relações materiais de
produção identificando-se com à esfera privada da sociedade que reproduz
indivíduos com interesses isolados do coletivo. Seguindo esta lógica, o homem
da sociedade civil acaba por se
utilizar do Estado para fundamentar seus direitos de propriedade, e neste
sentido, a cidadania passa a ser
consentida como uma mera ferramenta utilizada para consolidação dos interesses
particulares de homens formados dentro dos núcleos da sociedade civil. Desta forma, Marx encontra-se elaborando uma
distinção entre a sociedade civil e o
Estado, demonstrando a contradição existente na utilização das relações
públicas, não com vistas de um melhoramento do coletivo, mas simplesmente para
a defesa de interesses privados. Nesta acepção, também distingue a real
interpretação do conceito de cidadania,
situando a sua compreensão de que o Homem moderno não enxerga o cidadão como o
homem moral, mas individuo como reduzido a membro da sociedade civil e ao mesmo tempo como homem de relações públicas.
Contudo, a compreensão deste conceito em Marx vai além da própria sociedade
civil, pois a chave para a emancipação humana se constitui no homem público que
tem consciência do peso de suas ações e envolve-se com os interesses do
coletivo e age para que os mesmo sejam respeitados (MARX, 1989). Partindo desta
lógica, o problema das relações civis e políticas também finca sua bandeira na
desigualdade social provocada pela ideia dos direitos naturais do homem, que ao
dar liberdade para a posse de uma propriedade, apenas individualiza cada homem
e ignora as condições materiais existentes em todos os homens que vivem numa sociedade.
Sendo assim, abre-se espaço para que uma ínfima minoria advinda de uma classe
elevada da sociedade consiga fundamentar suas posses enquanto a classes
populares tornam-se reféns dos primeiros, e isto, principalmente na esfera
trabalhista. Por esse ângulo, a contradição se eleva na redução da esfera
publica, e a transformação necessária se daria através da revolução que daria
inicio ao processo de emancipação da humanidade, originando assim, um novo tipo
de homem.
“A emancipação humana só será plena quando o homem real e individual tiver em si o cidadão abstracto; quando como homem individual, na sua vida empírica, no trabalho e nas suas relações individuais, se tiver tornado um ser genérico; e quando tiver reconhecido e organizado as suas próprias forças (forces propres) como forças sociais, de maneira a nunca mais separar de si esta força social como força política.” (MARX, 1989; p. 30).
Voltando-se sobre o desdobramento do
problema relacionado à formação da consciência
histórica e também da consciência de
classe que, dentro desta lógica de pensamento, poderia ser considerada uma
célula viva que dinamizada na sociedade seria parte ativa no processo para se
atingir este ideal de cidadania,
surge à questão relacionada às formas de se conscientizar sobre sua realidade. Neste
sentido, considera-se o ensino de
história como uma das maneiras de desenvolver estes tipos de consciência. Entretanto, é necessário considerar que este
ensino irá se desenvolver dentro de uma estrutura social já formada em um
processo histórico, onde é possível encontrar impasses e barreiras relacionadas
às condições sociais existentes, bem como, a estrutura educacional da
sociedade. Isto é, problemas relacionados aos subsídios oferecidos pelo Estado,
as estruturas culturais das classes populares, bem como, seu conhecimento sobre
a necessidade de sua participação política, que não condiz apenas com a prática
do voto. Como por exemplo: a realidade brasileira hoje em dia encontra-se com o
número de analfabetos cada vez mais reduzidos, onde, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2015 as taxas de analfabetismo
haviam reduzido para 8%. Contudo, percebe-se que o número de “analfabetos
funcionais”, isto é, pessoas que sabem ler, porém tem dificuldades com relação
à interpretação de textos, apenas se intensifica, pois há uma ineficiência da
escola na formação política dos cidadãos. Portanto, mesmo com a realidade
educacional sendo transformada e o número de pessoas alfabetizadas aumentando,
os problemas relacionados a cidadania
não se alteraram consideravelmente. Sendo assim, buscando identificar os
problemas relacionados às estruturas de ensino, parte-se das considerações
feitas por Gramsci para refletir sobre os problemas culturais e educacionais
ligados a formação da cidadania.
Quando este autor analisa o resultado
da organização da cultura, entendo que a intelectualidade é parte ativa neste
processo, e desta forma, é a partir da mesma que os setores da cultura de uma
sociedade vão sendo formados, observa-se que os mesmos se encarregam de reproduzir
a ideologia de sua classe. Gramsci analisa tal fenômeno partindo da lógica que este
se manifesta nos núcleos da sociedade
civil, entendendo que através das relações com o Estado, respaldadas na
ação dos intelectuais formados por esta classe, estabelece-se uma hegemonia das classes dominantes. Sendo
assim, percebe-se que a tendência educacional numa dada sociedade é reproduzir
a lógica do sistema vigente (GRAMSCI, 1982). Destacando,
que os intelectuais em Gramsci não são necessariamente sempre vinculados as
classes dominantes, a produção de intelectuais pode ser feita também nas
classes populares, objetivando que este defenda sua classe nas relações
políticas da sociedade. Além disso, é necessário lembrar que o conceito de sociedade civil em Gramsci toma um
sentido diferente do que foi postulado por Marx. Sendo assim, entende-se que
Gramsci situa este conceito na expressão dada pelas superestruturas, onde o
mesmo toma a forma de um “conjunto de organismos chamados comumente de
privados” (GRAMSCI, 1982; p. 10). Sendo que, ainda no plano das
superestruturas, o Estado é o campo da hegemonia das classes dominantes, onde
os aparatos ideológicos e jurídicos são fundamentados pela ação política dos
membros da sociedade civil com o
objetivo de se tecer uma teia ideológica que atinja todos os setores da
sociedade, com vistas de consolidar tal força também nas ações do Estado. Por
consequência disso, a educação se torna também um dos braços da força
hegemônica do Estado.
A observação gramsciana sobre a
educação exibe um destaque considerável para se pensar as condições
ideológicas, políticas e sociais para se efetivar o ideal de cidadania aqui proposto. Afinal, além
das condições sociais de um filho das classes populares e de um filho das
classes intelectualizadas serem consideravelmente diferentes, sendo este, uma
das causas do problema relacionado ao desempenho dos mesmos na escola. Percebe-se,
também, que o próprio ensino pode ser seletivo quando elabora cursos de
formação que são apropriados e destinados a classes diferentes. Desta maneira,
a classe trabalhadora acaba se voltando para um ensino mais tecnicista, utilizando-se
da qualificação do homem para o trabalho nas indústrias, enquanto, as classes
médias se voltariam sobre um ensino mais humanístico e formador de
intelectuais. Pode-se
consentir que a realidade se transformou entre o fim do século XX e o inicio
século XXI com a ampliação da educação atingindo até mesmo certos setores da
classe trabalhadora, contudo a crítica agora se pode estender a qualidade do
ensino em cursos técnicos, escolas públicas, universidades (especialmente
universidades com mensalidades mais acessivas), como também, para as próprias
condições da classe trabalhadora de permanecer estudando e buscando consolidar
a sua formação. Além disso, quando se contextualiza as lutas travadas na História
brasileira que permitiram a abertura de direitos civis, políticos e sociais que
possibilitaram a criação e desenvolvimento da cidadania no Brasil. Percebe-se que basicamente em todas as fases
pelas quais passou o Brasil existiram impasses estruturais que dificultaram a
própria conscientização das classes populares para que conseguissem lutar por
seus direitos e serem, efetivamente, cidadãos.
(CARVALHO, 2017). Tal problema
pode ser observado na carência de uma educação formadora para estas classes.
Exemplo disso tem-se o contexto da
chamada República Velha, onde a despreocupação do Estado com a educação levou
os mesmos a retirarem da constituição a obrigação de fornecer subsídios para
uma educação primária (CARVALHO, 2017; p. 67). Neste sentido, percebe-se que
esse problema levou ao resultado de uma participação mínima na política
enquanto as classes dominantes conseguiam manter e fazer a manutenção do seu
poder através de coerções e manipulações. Não se pode ignorar que as condições
para este problema se alteraram consideravelmente na realidade brasileira,
contudo, a forma de participação política das classes populares permanece um
problema.
Vale
ainda destacar, que o ensino de história
pensado por Cerrí considera o professor de História como um historiador também,
por dispor de uma função que se remete a um peso e uma responsabilidade
fundamental na sociedade, além de ter a possibilidade de utilizar os métodos e
as ferramentas do Historiador nas suas aulas. Portanto, o mesmo pode ser visto
como um intelectual neste processo. Sendo assim, a função de formar uma consciência histórica pode se remeter a atividade
de estar presente tanto nas relações da sociedade
civil quanto nas próprias relações do Estado. O Desenvolvimento da cidadania neste processo pode tomar
também o sentido da desvinculação do sujeito enraizado em valores burgueses,
para valores correlacionados as lutas do coletivo, que visem à transformação
das estruturas da sociedade. Afinal, uma das funções principais da mesma é
desenvolver em cada ser a preocupação com a cidadania.
Entendendo que este processo também implica o desenvolvimento da consciência de classe, pressupõe-se que
o desenvolvimento da cidadania seja
parte fundamental da luta dos indivíduos numa sociedade, tendo em vista que os
mesmos já se identificam com as reivindicações do coletivo. Nesta acepção, entende-se
que através do processo histórico da luta
de classes, com todas as camadas que o compõe, supõe-se que o resultado do
mesmo possibilitaria a emancipação humana. Contudo, a preocupação da atual
conjuntura é ainda qual educação possibilitaria este processo, esta que
juridicamente é um direito e na prática ainda é um privilégio. Sendo assim,
finaliza-se o texto com a seguinte citação:
“Mas a tendência democrática, intrinsecamente, não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada "cidadão" possa se tornar "governante" e que a sociedade o coloque, ainda que "abstratamente", nas condições gerais de poder fazê-lo: a democracia política tende a fazer coincidir governantes e governados (no sentido de governo com o consentimento dos governados), assegurando a cada governado a aprendizagem gratuita das capacidades e da preparação técnica geral necessárias ao fim de governar.” (GRAMSCI, 1982; p. 137).
Referências
Lucas
França Maciel Priori, graduando em História pelo Centro de Teologia e
Humanidades da Universidade Católica de Petrópolis.
BOBBIO,
Norberto; O Conceito de Sociedade Civil; Rio de Janeiro: Edições Graal, 1982.
CERRÍ,
Luis Fernando; Ensino de História e Consciência Histórica: implicações
didáticas de uma discussão contemporânea; Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011.
CARVALHO,
José Murilo; Cidadania no Brasil: o longo caminho; 23 ed.; Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2017.
COUTINHO,
Carlos Nelson; Cultura e Sociedade no Brasil: ensaio sobre idéias e formas; 4
ed.; São Paulo: Expressão Popular, 2011.
GRAMSCI,
Antonio; Os Intelectuais e a Organização da Cultura; Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1982.
IASÍ,
Mauro Luis; Ensaios Sobre Consciência e Emancipação; 2 ed.; São Paulo:
Expressão Popular, 2011;
MARX,
K. e ENGELS, F; Manifesto do Partido Comunista; São Paulo: Edipro, 2015.
__________A
Ideologia Alemã; Introdução de Jacob Gorender; Tradução Luis Claudio de Castro
e Costa - São Paulo: Martins Fontes, 1998; (Clássicos).
MARX,
Karl; A Questão Judaica; Edição Eletrônica Portuguesa: Lusosofia, 1975.
Boa tarde! Como professor de Historia sempre defendi que o estudo da História contribui para a emancipação do homem e do cidadao, pois Historia é a intervencao do homem na Natureza, sendo assim, o homem faz parte e é a Historia. Podemos concluir que estudar Historia serve para evitarmos de cometer os mesmos erros do passado no presente e influenciar o futuro?
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ExcluirBoa tarde, perdão precisei excluir o comentário anterior, pois foi respondido com alguns erros.
ExcluirAgora vamos a sua questão, há como concluir que isso pode fazer parte do processo que envolve o ensino de História também, no entanto, precisamos nos atentar que o objetivo do ensino proposto anteriormente se vincula a busca pela transformação da sociedade. Neste sentido, a História, além de buscar evitar cometer erros do passado deve ser utilizada como uma ferramenta para transformação. Sendo assim, a ideia que se defende anteriormente se volta sobre o entendimento da realidade, pressupondo que através do ensino de História seja possível entender o presente do qual os homens fazem parte. Desta maneira, torna-se mais fácil que se desenvolva um pensamento crítico sobre a realidade, pois o questionamento faz parte do processo. Portanto, de acordo com o que foi explicado, podemos entender que a busca pela transformação dialoga com o ensino quando se torna possível entender a realidade que envolve os homens de uma determinada sociedade, além de, evidenciar as contradições desta mesma realidade social. Portanto, através disto atuar enquanto cidadão que entende a necessidade de ações voltadas para o bem do coletivo.
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ResponderExcluirboa noite, autor! seu texto consegue concisar algumas proposições assertivas da História quando enfatiza a ideia do ensino e conhecimentos históricos voltados para emancipação humana dentro dos processos de transformações sofridos pela humanidade, pois se a História é a ciencia que estuda o ser humano no tempo e no espaço e todas estas estruturas se transformam direta e inderetamente, logo o ensino-aprendizagem e conhecimento são passíveis a estas mudanças.
ResponderExcluirLhara Leticia de Oliveira Santos
Boa tarde! Sim, é dentro desta perspectivas que se concebe a transformação da sociedade, sendo que isso poderia implicar uma transformação dos objetivos do ensino, assim como, dos métodos e da maneira de se trabalhar uma didática nas salas de aula. Além de tudo, compreender a História como ciência da transformação, remete-nos a entende-la como uma ferramenta utilizada para dar inicio a processos de transformação dos mecanismos da sociedade, assim como, utiliza-la para estudar as rupturas e transformações que a História Humana sofreu ao longo do tempo.
ExcluirPrezados Benedito Marcos Bigotto e Lucas Priori, se me permitem entrar na discussão, parabenizo ao Lucas pelo bom trabalho em primeiro lugar.
ResponderExcluirMeu comentário, no entanto, decorre das atuais transformações pelas quais a educação tem passado nos tempos recentes, cada vez mais ligada aos interesses tecnicistas. Exemplo disso são as mudanças que virão com a reforma do ensino médio e com o novo BNCC, as quais retiram ainda mais a essência de uma educação humanizadora e reduzem os tempos de ensino de várias disciplinas, em particular, as de Humanidades. Em troca, reforça uma educação voltada para a Matemática e a formação técnica.
Lucas, você comentou algo importante acima quando disse que "a História, além de buscar evitar cometer erros do passado deve ser utilizada como uma ferramenta para transformação". Isso é muito significativo no Brasil atual, em que existem destacadas forças reacionárias na política e na sociedade. Parece faltar exatamente essa percepção da nossa história, e acabamos repetindo erros do passado, o que nos prende invariavelmente a graves problemas sociais, como a desigualdade, a falta de consciência política e as práticas autoritárias do cotidiano. Uma sociedade que não conhece sua história tende a repetir os erros que lhe mantém na escuridão. Eis um fato histórico que em muitos momentos parece se aplicar a nós!
No seu texto, você menciona Cerrí, que considera o professor como portador de uma responsabilidade fundamental na sociedade, além de ter a possibilidade de utilizar os métodos e as ferramentas do historiador nas suas aulas.
A partir daí gostaria de perguntá-lo sobre exemplos a serem postos em sala de aula visando essa percepção dos estudantes acerca da importância das Humanidades na sua formação. Além disso, que exemplos de atividades em sala você mencionaria para que os alunos desenvolssem uma maior percepção crítica sobre a política atual?
Abraços,
Walace Ferreira.
Prezado Walace Ferreira, lhe agradeço pela parabenização e seja bem-vindo a discussão.
ExcluirEm relação a sua questão e buscando englobar o seu comentário como um todo, devemos buscar conscientizar os educandos através do ensino de História sobre sua realidade, assim, buscando aproximar a explicação do processo histórico que envolve os alunos com a realidade da conjuntura que os mesmos vivem. Além disto, desenvolver em conjunto com os alunos a busca de uma percepção que vise entender como se estabelecem as relações sociais no mundo, e entendendo que para sobrevivência dos homens é preciso que os mesmos aprendam a conviver entre si. Sendo assim, busca-se apresentar uma perspectiva que implica o entendimento de que o coletivo existe sempre em dialogo com suas partes individuais. Neste sentido, é possível estabelecer uma das necessidades básicas de se estudar ciências humanas, uma vez que a convivência dos homens na sociedade atual não é necessariamente harmoniosa, e na conjuntura atual os conflitos políticos encontram-se cada vez mais acirrados. Portanto, sendo esta uma das maneiras de se incentivar o estudo de disciplinas como História por exemplo, pode-se iniciar um debate em sala de aula questionando a necessidade da mesma e mostrando aos alunos a perspectiva que pode fundamentar uma necessidade de se estudar tais disciplinas.
O que seria relevante para que isto possa ser posto em prática é incentivar que os alunos desenvolvam questionamentos sobre sua realidade e reflitam sobre a mesma, desta maneira, dispor a eles também ferramentas utilizadas pelo historiador, como a utilização de conceitos para uma analise da sua vida cotidiana. Neste sentido, pretende-se ampliar o campo de visão dos alunos demonstrando a eles também outras maneiras de se enxergar a realidade e desmistificar certas formulações estabelecidas enquanto senso comum. Um exemplo disto, pode-se ser no estudo de questões como a ditadura militar no Brasil, sendo assim, questionar e refletir sobre quais eram as perspectivas entendidas neste período, além de questionar como podemos ler este período e entende-lo na construção da sociedade que vivemos atualmente. Um exemplo mais especifico poderia ser uma experiencia que vivenciei em sala de aula, onde um aluno me questionou sobre as forças de esquerda serem "terroristas" na ditadura. Meu questionamento ao mesmo veio da seguinte maneira: Onde você encontrou essa informação e se ele poderia levar tal fonte para discussão em sala de aula. Neste sentido, ainda busquei esclarecer que a interpretação de certas forças de esquerda como "terroristas" neste período, advinha também da interpretação que o comunismo neste período era praticamente associado a isso, portanto, leva-se a esta interpretação. A validade de um debate sobre esta questão tem uma grande relevância nos dias hoje, quando existem pessoas que defendem a volta ditadura, e o esclarecimento desta questão pode faze-los a não confiar facilmente em discursos que defendem esta e talvez possa prejudica-los futuramente.
Espero ter conseguido responder sua questão.
Att,
Lucas Priori.
Respondeu, sim, Lucas, obrigado! Gostei da sua colocação ao aluno. Eis uma boa forma de levar o estudante a revisar seus proconceitos.
ResponderExcluirUm abraço,
Walace Ferreira.
Sim, a melhor maneira de levar um estudante a pensar é questionar seus próprios conhecimentos as vezes.
ExcluirGrande abraço,
Lucas Priori
Concordo.
ExcluirAbraço e bom evento.
Walace Ferreira.
Boa noite, Lucas!
ResponderExcluirEm todo o seu texto você toca em pontos interessantíssimos e de extrema importância, com uma visão que é essencial na atualidade devido ao contexto com o qual nos deparamos e com toda a questão educacional que o acompanha.
Tendo em vista que o cenário capitalista demanda uma educação cada vez mais voltada para o mercado de trabalho, foi totalmente pertinente a abordagem acerca do ensino de caráter tecnicista, já que, comumente, o mesmo é desenvolvido para a classe dominada, enquanto a classe dominante, a partir de um método que é diferenciado, consegue manter um processo de construção de uma postura crítica que acaba os colocando à frente daqueles que não são privilegiados na conquista dos empregos que desejam.
Minha questão, portanto, está voltada, justamente, para a construção desse pensamento crítico barrado por inúmeros fatores em determinada parte da população como, por exemplo, pela citada ideologia. Logo, como hoje, na sala de aula, poderíamos adequar a nossa formação, com o auxílio dos dispositivos que possuímos mesmo nesse contexto de desigualdade, para a construção de uma visão mais crítica com os nossos alunos?
Isabela Nogueira da Silva Grossi
A CARGO DE EMANCIPAÇÃO DO ENSINO SABE-SE A IMPORTÂNCIA, O SEU TEXTO DESTACA MUITO BEM A NECESSIDADE, AFINAL, O ENSINO PENDE ATUALMENTE PARA O DARWINISMO SOCIAL, A CABO DISSO GOSTARIA DE SABER SE NA ATUAL CONJUNTURA DA SOCIEDADE CAPITALISTA PAUTADA NA COMPETIÇÃO, E , A ATUAL SITUAÇÃO DO PAIS (BRASIL), QUE BEBE EM OUTRAS FONTES INTERNACIONAIS E OCIDENTAIS, ASSIMILANDO MODELOS EXTERNOS DE EDUCAÇÃO, MUITAS VEZES EM DETRIMENTO DE MARAVILHOSAS PROPOSTAS INTERNAS PROPOSTAS POR ESPECIALISTAS QUE NA PRATICA PODERIAM SURTIR MEMORÁVEIS RESULTADOS. AINDA É POSSÍVEL MUDAR A ATUAL CONJUNTURA CONSIDERANDO OS ASPECTOS QUE EU CITEI? QUAIS ABORDAGENS VOCÊ COMO ALGUÉM QUE ESTUDA A TEMÁTICA USARIA? VOCÊ SE SENTE DESMERECIDA COM O POUCO CASO QUE O GOVERNO FAZ DE MUITAS PROPOSTAS? POIS, POR PAIS QUE NA TEORIA SE FALE QUE SE QUER CONSTRUIR CIDADÃOS, NA PRATICA NOTA-SE DIARIAMENTE A IMPLEMENTAÇÃO DE EXAMES DE ANALISE DE ALUNOS QUE MOSTRAM JUSTAMENTE O CONTRARIO.
ResponderExcluirDANIEL MAIK OLIVEIRA DE CARVALHO