Jessica Caroline de Oliveira


A FORMAÇÃO DA CONSICÊNCIA HISTÓRIA A PARTIR DO DIÁLOGO ENTRE ENSINO DE HISTÓRIA E HISTÓRIA LOCAL


Este texto por objetivo discutir sobre a importância História Local enquanto ferramenta de formação da consciência histórica em relação ao ensino de história nos anos finais do ensino fundamental, tomando como eixo de reflexão, as aulas ministradas no Núcleo Educacional João Fernando Sobral, localizado em Porto União – Santa Catarina. Nesta acepção, esta narrativa parte da premissa de que, muitas vezes, o ensino de história acaba se limitando a sala de aula, o que acaba gerando certo desconforto por parte do alunado, afinal, se sentem dissociados dos conteúdos ministrado, inclusive, questionando a validade desta disciplina no currículo escolar. Além disso, quando se trata de elementos que fazem parte do seu contexto e, por assim dizer, da sua história local, tais discussões são deixadas de lado ou pouco discutidas, oportunizando assim, a ausência de conhecimento de processos históricos próximos. Face a estas colocações, pretende-se delinear as perspectivas teóricas vinculadas à História Local e suas contribuições na formação do conhecimento crítico, ou seja, da consciência histórica estudantil a fim de tornar a aprendizagem próxima, capaz de permitir a intepretação, orientação e sentido prático para a formação de saberes históricos.

Não é novidade que o ensino de história passou por processos de (re)significações acerca do seus métodos, objetos e conteúdos a serem ministrados. Diante disso, grandes heróis, marcos históricos ou uma história limitada na memorização de datas e nomes não cabe mais ao dia a dia em sala de aula. Não raro se questiona qual o valor da história ou por que é preciso estudar esse ou aquele contexto histórico, revelando um sistema de ensino pautado na dissociação discente frente à História, seja esta local, regional ou mesmo nacional. Articulando com o que ensina Freire (1994), a disciplina de história, ou a ciência História, permite uma leitura de mundo, e para tal, é preciso sair das muralhas do ambiente escolar e ir à fonte, a história e, portanto, aos lugares de memória para conhecer o seu passado e como a sua história (particular) dialoga com este espaço. Neste sentido, no tocante a Porto União, pode-se relacionar estas premissas educacionais ao ensino de história local, pois está intimamente associada a um lugar de memória comum, um espaço que as pessoas podem partilhar enquanto referência ao seu passado e história.

É neste sentido que a “história local” revela enquanto um método capaz de gestar um novo sentido e um novo significado para o processo de aprendizagem, pois se constrói a partir de espaços que se preservam, se transformam e se adaptam às dinâmicas da sociedade que o criou. Legando a ele sentimentos, memórias e experiências coletivas e particulares que tornam um lugar comum em um espaço de histórias (com)partilhadas, que se intersectam umas com as outras. Diante disso, pensar o contexto local permite criar relações entre fatos mais abrangentes por meio de vieses e percepções locais e individuais, criando um sistema de valores que se ligam nas teias do coletivo e do mais amplo. (SCHMIDT e CAINELLI, 2009). Logo, o diálogo entre o próximo e o mais distante revela que ambos pertencem a um universo comum. Por isso, a história local se apresenta como um dos caminhos para evidenciar não só a história em si, mas educar o olhar, a percepção e a valorização dos elementos que compõe este ‘local’, entre eles, o patrimônio cultural e os “lugares de memória”.

Nora (1993), por sua vez, argumenta que os lugares de memória são lugares de lembrança sobre o passado, os quais produzem a sensação de verdade e autenticidade a certos acontecimentos do passado. Além disso, precisam de identificação do sujeito que o visita no presente para produzir sentido, isto é, se for dissociado da realidade e do processo de aprendizagem de quem o observa, não será um lugar de memória, e sim, um lugar qualquer. Deste modo, é fundamental que a escola, o discente, ou mesmo a família, realizem visitas, passeios e contação da sua trajetória histórica e da história que se sente pertencido, para assim, na soma dos saberes apreendidos por uma criança, ela construa a sua consciência histórica a partir de um sentimento de reconhecimento e pertencimento a um dado lugar de memória. Pensando nas considerações de Pollak (1992) acerca deste tema, pode-se refletir que estes lugares de memória servem como matéria prima para a construção da própria história, podendo ser um museu, arquivo, cemitério, coleções, monumentos ou marcos testemunhai. Noutras palavras, são resquícios do passado e utilizando-se destes locais, reavivamos a memória, ou a construímos, a fim de perpetuar a memória individual e coletiva. 

“Os lugares da memória são, antes de tudo, restos. A forma extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a chama, porque ela a ignora. É a desritualização de nosso mundo que faz aparecer a noção. O que secreta, veste, estabelece, constrói, decreta, mantém pelo artifício e pela vontade uma coletividade fundamentalmente envolvida em sua transformação e sua renovação. (...) os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais”. (NORA, 1993, p. 12-13)

Nas palavras do autor, estes espaços são importantes porque não existem memórias espontâneas, sendo assim, precisamos de algo para iniciar a reflexão e o sentimento de pertencimento à história local. Para Nora (1993), os lugares de memória servem como meio de interpretação de contextos e geração de sentido histórico para a orientação no tempo, isto é, as mudanças, permanências e transformações. Ainda que o primeiro contato não gere o significado esperado, fazendo uso da problematização, somos capazes de perceber os lugares de memória como essenciais para que o nosso passado não seja apagado, se tornando comum.

Partindo destes pressupostos, a memória aqui é pensada a partir do que descreve Le Goff (1996), quando afirma que a memória é um elemento essencial da identidade, seja ela individual ou coletiva, sendo um instrumento de conquista e poder, daí as tensões entre o que se quer recordar ou oficializar enquanto história de um lugar ou sujeito.

Pensando na escolha de um lugar de memória para estimular a geração de sentido, interpretação e orientação, bem como, o sentimento de pertencimento, entende-se que o museu, por exemplo, mais do que um lugar de memória, é um espaço de memória coletiva, pois os objetos em exposição expressam valores, sensações e sentimentos do período em que foram construídos, utilizados e substituídos na vida das pessoas. O lugar de memória, neste sentido, não é um depósito de objetos antigos, mas sim, um lugar onde há a presentificação da memória, trazendo para a experiência viva o sentimento de pertencimento no presente.

Essa memória coletiva, no tocante ao que diz Halbwachs (1990), diz respeito as lembranças que são constituídas no interior de um grupo, para tanto, a memória individual existe a partir de uma memória coletiva. Noutras palavras, precisamos da memória de outras pessoas para confirmar e legitimar as nossas próprias lembranças. Logo, é possível considerar que as pessoas não estão sós com suas lembranças, pois compartilham e se interligam a quadros sociais que vivenciam em grupo. Estes quadros sociais, para Candau (2009), são objetos sócio-transmissores, isto é, todas as coisas que compõem o mundo, como objetos tangíveis ou intangíveis considerados enquanto patrimoniais e resguardados em um lugar de memória.

 Entende-se então, que este lugar de memória pode ser entendido como um oásis cultural, além de nos colocar frente a diversos questionamentos, como a origem e desenvolvimento da cidade e do seu legado cultural. O contato direto com o legado cultural e histórico presente nos lugares de memória, colocam em pauta questionamento frente a origem e desenvolvimento da cidade, podendo-se dizer então, que o patrimônio cultural se torna uma peça importante enquanto fonte documental que conta sobre o passado. Este saber, quando pensado a partir do que fala Rüsen (2007), se caracteriza enquanto a soma dos saberes aprendidos, seja em casa, nas mídias e, sobretudo, na escola. Mais do que um mero conhecimento, a consciência histórica oportuniza a interpretação, orientação e experiência na vida prática. Logo, quando se faz uso de processos didáticos que dialogam com a realidade discente, os três elementos formados pela consciência histórica permitem que os conteúdos ministrados façam sentido, resultando na produção de saber. Mas, de forma podemos articular questões de modo a fomentar o sentimento de pertencimento à história partindo da realidade próxima ao alunado?

Se tomarmos como ponto de partida que a história é inerente ao ser humano e fundamental para a formação da sua consciência histórica, podemos recorrer a Freire (1991), quando ele afirma que o ensino deve oportunizar uma leitura do mundo e esta premissa pode ser alcançada a partir do viés da História Local, visto que, é mais próxima da realidade discente. A primeira questão que se impõe sobre a História Local é o conhecimento acerca do que vai ser ensinado e problematizado, isto é, se faz necessário que quem vai ministrar a temática tenha uma formação para tal, seja das origens e desenvolvimento da sociedade local, dos bens materiais e imateriais. O que nem sempre ocorre, legando à História Local ao esquecimento e, por assim dizer, uma má formação da consciência história, pouco estímulo sobre a disciplina de história, falta de identificação, pertencimento e identidade local.

É evidente que no Brasil, durante um longo período, se privilegiou o estudo da macro-história, enfatizando grandes heróis e marcos históricos limitados à causas e consequências, como também, buscando criar vínculos com a história eurocêntrica. Isto é, estudávamos no Brasil os grandes fatos históricos da Europa, deixando de lado a nossa história local, nossas origens ameríndias e a herança cultural dos grupos subalternos. Não é à toa que Freire (1991) afirma que o Brasil foi inventado de cima para baixo, sendo nosso dever reverter e recriar essa invenção a partir das culturas locais, como as danças, lendas, mitos, culinária, construções e demais experiências, fazendo uso do patrimônio local, material ou imaterial, como elementos constitutivos do processo de ensino-aprendizagem, podendo-se dizer, da identidade, memória e história do alunado.

No tocante a Porto União, município de Santa Catarina, os Parâmetros Curriculares Nacionais são a base para pensar o ensino de História e neste documento se orienta que a história local seja o ponto de partida da aprendizagem histórica, afinal, permite uma abordagem dos contextos mais próximos em que se insere o corpo docente, discente e o meio, como bem coloca Caime (2010). Para tanto, a partir da história local, o alunado apropria a sua realidade que é singular e específica em relação as demais, passando a conhecer e valorizar as experiências de sua comunidade. (BARBOSA, 2015).
Sendo assim, história local surge como uma possibilidade para abordar temas próximos, realidades vivenciadas e conhecidas pelo corpo discente, seja no tempo ou espaço, o que contribui para a formação da sua consciência histórica, como também, o entendimento de que a sua realidade especifica e singular tem relação ao objetivo ou lugar de memória estudado.

A partir disso, o sentimento de pertencimento do indivíduo para com a sua comunidade passa a compor a identidade cultural do próprio sujeito.  Partindo destas premissas, Caimi (2010) discorre que uma das potencialidades do ensino de história local é justamente dar evidência à fontes, temas e sujeitos que nem sempre estão inseridos dentro dessa perspectiva macro da história, o que permite sinalizar para a diversidade de identidade que compõe a sociedade brasileira. Essa possibilidade de ensino e pesquisa fomenta a noção de que existe uma diferenciação dos modos de viver no presente e em outros tempos.

Bem, falamos do ensino, da história local, da importância do diálogo entre estes dois pressupostos, mas, o que podemos tomar como fonte para este estudo? Sendo assim, a fonte aqui é pensada enquanto os vestígios deixados pelo patrimônio cultural material, como os lugares de memória, ou patrimônio cultural imaterial, tal como o folclore. Para Cainelli e Schmitd (2009), o estudo do patrimônio cultural oportuniza a melhor apropriação do conhecimento por parte do estudante, inserindo-o nas mudanças e permanências da sua realidade local, construção de uma história plural, dando vozes aos sujeitos silenciados e desconsiderados na perspectiva da macro-história. Nesta acepção, quando falamos em um ensino vinculado com o legado patrimonial, fomentamos uma alfabetização cultural, como bem descreve Horta (1999), em que o sujeito se torna capaz de fazer uma leitura do mundo que o rodeia e se insere na trajetória histórica do lugar onde está inserido, dialogando, deste modo, com as colocações de Freire (1991) anteriormente delineadas.

Face a estas colocações, Freire (1991) ao afirmar que a História do Brasil foi inventada de cima para baixo, percebe-se que isso também se refere a história local, ou lugares de história, por vezes, selecionados pelos detentores do saber e da história local, quando tal história é escrita e ensinada a partir da chegada de imigrantes, ou os símbolos dispostos pela cidade fazem referência a uma perspectiva eurocêntrica, elitista e branca, relegando ao esquecimento os elementos que não dizem respeito a essa seleção. Logo, quando Freire (1991) destaca que é preciso reinventar essa história, percebe-se a possibilidade de integrar novos sujeitos, lugares de memória e, deste modo, inserir o comum e o que é mais próximo da realidade discente.

É evidente que essa mudança na perspectiva de história é fruto de tensões e ressignificações da própria conceituação de história, a qual vem se renovando há anos. História local, neste sentido, surge como uma possibilidade de abordar temas próximos, com realidades vivenciadas e conhecidas pelo corpo discente, seja no tempo ou espaço, o que contribui para a formação da sua consciência histórica, como também, o entendimento de que a sua realidade específica e singular tem relação ao conteúdo estudado. A partir disso, o sentimento de pertencimento do indivíduo para com a sua comunidade passa a compor a identidade cultural do próprio sujeito.

Articulando com o que propõe Cainelli e Schmitd (2009), o ensino de história a partir do uso e contato com evidências da história local e, por assim dizer, do patrimônio histórico, insere o alunado na história da comunidade, fomentando a percepção das continuidades, transformações e diferenças operacionalizadas neste espaço por meio da ação humana no tempo. O patrimônio, nesta acepção, se caracteriza enquanto uma educação pautada na ideia de educação cultural, em que o sujeito faz a leitura do mundo que o cerca e da trajetória histórico-cultural em que está inserido, resultando assim, no reconhecimento, respeito e identificação com a cultura e história que o/a cerca.

Ressaltando assim, a importância de sujeitos comuns para a formação da cidade e, a partir disso, possibilitar o desenvolvimento de uma identidade entre o sujeito com o lugar de memória, o que só é possível quando se tem a oportunidade de levar as crianças ou sujeitos até o local, para sentirem o ambiente, a paisagem, o momento e, deste modo, significar, interpretar e orientar a sua história com a história local.

Referências
Jessica Caroline de Oliveira possui graduação em História pela Universidade Estadual do Paraná, campus União da Vitória; Pós-Graduada em História e Cultura Afro-brasileira pela Universidade Cândido Mendes; é mestranda em História, Cultura e Identidades pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.

BARBOSA, Maria Doralice Nepomuceno; PINA, Max Lanio Martins. Descoberto da Piedade: lugar de memória, lugar de história. In: Anais do V Congresso Acadêmico Científico, I Fórum Regional de Pesquisa e I Mostra de Extensão. Universidade Estadual de Goiás, Campus Porangatu, 2015.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação. Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 

CAIMI, Flávia Eloisa. Meu lugar na história: de onde eu vejo o mundo? In: Oliveira, Margarida Maria Dias de. (Coord.). História: Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

CAINELLI, Marlene; SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

CANDAU, Joël. Memória e Identidade: do indivíduo às retóricas holistas. Memória e Identidade. Tradução Maria Leticia Ferreira, 1ªed., São Paulo: Contexto, 2012. p. 21-57

FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 25ª ed. São Paulo: Cortez, 1991. (Col. Polêmicas do nosso tempo, vol. 4).

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, Editora Revista dos Tribunais, 1990.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,1999.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução de Bernado Leitão. (et. al.). Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, n. 10, dez. 1993.

PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica: história. Curitiba, 2008.

PELEGRINI, Sandra; FUNARI, Pedro Paulo. O que é patrimônio cultural imaterial. São Paulo: Brasiliense, 2008.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, 5 (10). Rio de Janeiro, 1992.

RÜSEN, Jörn. História viva: formas e funções do conhecimento histórico. Brasília: Editora da UNB, 2007.


22 comentários:

  1. Olá, bom dia prezada Jéssica! Meu trabalho no Mestrado também diz respeito aos usos da história local para dar significado ao conhecimento histórico e o seu texto é muito elucidativo de alguns pontos importantes da teorização sobre isso. Você se refere às aulas ministradas em escola de SC, porém não detalha a experiência com os alunos. Nesse sentido, seria possível dar um exemplo de como você e/ou os colegas tem feito uso da história local?
    Obrigada pelo texto e pela atenção,
    Olga Suely Teixeira

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    1. Bom dia, Olga. Agradeço pela leitura e questionamento sobre o texto. Em virtude do limite estabelecido pelo evento e extensão do trabalho original, acabei cortando o relato da parte prática, mas sintetizarei com prazer alguns pontos para você. Então, antes das saídas de campo, foram realizadas oficinas na escola acerca dos conceitos básicos, como o que é patrimônio (material, imaterial e natural), tombamento e contei a história dos pontos a serem visitados, utilizando de vídeos e fotografias para que as mudanças e permanências pudessem ser observadas, tendo em vista que isso oportunizaria a compreensão de que não se tratavam de meros passeios, mas sim, aulas práticas. Deste modo, quando ocorreram as visitas, foi possível dialogar com o alunado sobre os espaços, as memórias que traziam sobre eles/as, a sua importância para a história local e a identidade e história particular de cada discente em relação ao Vau do Iguaçu, Parque do Monge (onde muitos/as foram batizados/as), Estação Ferroviária e outros. Nesta acepção, perceberam como suas histórias dialogam com o contexto mais amplo, deixando as aulas ministradas em sala de aula mais interessantes, pois começaram a questionar os conteúdos e os processos de transformações e permanências, tais como observaram em Porto União. Não sei se respondi como você gostaria, mas podemos continuar dialogando. Agradeço novamente pela participação.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

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    2. Obrigada Jéssica, sua resposta foi super completa! Parabéns pelo excelente desenvolvimento da metodologia!

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  2. De que modo o ensino da história local fortalece o sentido do aprendizado na formação do aluno? Obrigado.
    Roberto Carlos Simões Galvão

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    1. Boa tarde Roberto, obrigada pela participação nas discussões do meu texto. Percebo que aumenta o interesse do alunado quando se sentem pertencidos e integrados nas temáticas discutidas em sala de aula e nas saídas a campo. Isso porque trazem consigo a sua consciência histórica, com contos, causos e histórias que ouviram sobre o lugar ou sujeito histórico em questão. O diálogo, neste sentido, é primordial no ensino de história local, o que motiva a participação, pesquisa e realização das atividades posteriores.
      Espero ter respondido sua questão.
      Att.

      Jessica Caroline de Oliveira

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  3. Jessica Caroline, eu agradeço imensamente a publicação deste texto. Estou na fase inicial de uma pesquisa sobre consciência histórica e história local e seu texto me ofereceu caminhos a percorrer e leituras a fazer! Minha pergunta é um pouco diferente, é sobre quanto tempo você está abordando este tema e por que da escolha dele.
    Grata
    Maria Isabel Cardoso Teixeira

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    1. Boa tarde Isabel, obrigada por participar no debate do meu texto. Então, na verdade, durante a graduação eu me dediquei as questões étnico-raciais, escravidão africana e resistências culturais afro-brasileiras. No mestrado, optei por pesquisar processos de resistência, mesclas e mediações culturais indígenas e, em ambos os casos, sempre me pautei nas concepções de Paulo Freire no sentido de dialogar com a realidade próxima do alunado. E isso se tornou um desafio nas minhas práticas docentes, visto que são temáticas que passam marginalizadas dentro do currículo escolar e apagadas do contexto próximo e da história local do alunado. Sendo assim, o projeto teve início no ano passado e irá recomeçar agora em maio na escola onde atuo, tendo como objetivo não só ensinar a história da cidade e as formas como as histórias particulares de discentes se conectam ao local, como também, inserir a história e cultura afro-brasileira e dos povos tradicionais, buscando fomentar o sentimento de pertencimento aos espaços de memória e, sobretudo, questionar a ausência de uma memória local acerca de negros, indígenas, caboclos e sertanistas, afinal, estamos na região da Guerra do Contestado e, a cada dia que passa, vemos uma elite que tentar criar uma memória imigrante (alemã), com festas, lembranças, histórias, pontos turísticos que tem a intenção de inventar Porto União enquanto 'fruto' da imigração. Não sei se consegui ser clara, mas, em síntese, são os silêncios históricos que me motivaram a elaborar este projeto e a possibilidade de colocar em prática as minhas pesquisas acadêmicas, inserindo sujeitos, personagens e, por assim dizer, a periferia da cidade dentro da história.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

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  4. Boa noite, Jéssica
    Ao ler seu texto, uma das questões que me ficam é como os professores estão lidando com a questão da história local/regional, pois na cidade onde moro(Rondonópolis-MT), poucas são as ações em relação ao conhecimento da história local e a leitura crítica a esses espaços de memória estabelecidos na cidade. Gostaria de saber se em seu trabalho, você se utilizou das narrativas dos alunos e se sim, baseou-se no desenvolvimento da consciência histórica de Jorn Rüsen? Como os alunos se sentiram em relação ao contato com evidencias patrimoniais que remetem a história local? E como você sugere o trabalho com a história local?

    Abraços!!!

    Sandro Ambrósio Alves

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  5. Boa noite Sandro, obrigada pela participação.
    Bem, devo dizer que me sinto nadando contra a maré, pois não há ensejo do corpo docente em relação a história local, patrimônio ou formação da consciência histórica. Às vezes, tenho a impressão de que o alunado sabendo ler e escrever, nada mais importa. Mas, isso não me abate não. Embora a falta de apoio do professorado escolar, conto com o auxílio da equipe pedagógica e, sobretudo, de docentes da universidade aqui da cidade, União da Vitória, que atuam juntamente nas saídas de campo, dialogando os saberes acadêmicos com estudantes que participam das atividades. Diante disso, tivemos alguns atrasos para conseguir o ônibus para o transporte, deixando as visitas para o fim do ano, o que prejudicou uma das etapas do projeto, a qual destinava-se na elaboração de materiais construídos pelos/as alunos/as contando a história da cidade, as lendas, os personagens históricos, dos povos tradicionais à contemporaneidade. Nesta perspectiva, contaríamos com narrativas escritas, desenhos e coleta de fontes orais para compor nosso livro... que será realizado este ano, se tudo der certo, quando retomarmos o projeto.
    Por fim, no tocante a sugestão ao trabalho com a história local, penso que ele deve ser dialógico, isto é, solicitar que sejam feitas pesquisas e entrevistas para que o alunado se sinta parte da construção da história e tenha a oportunidade de relatar o que sabe, o que aprendeu e assim reelaborar seus saberes através da troca de histórias e informações. Isso os/as motiva a participar não só do projeto, como também, das demais aulas de história, pois esperam o momento para falar e expor seus conhecimentos. Logo, a práxis da pesquisa se torna habitual nos demais conteúdos. E isso é ótimo! Ah, devo dizer que isso também não se dá de forma homogênea, é claro. Se trata de um processo, portanto, aos poucos vamos conquistando e transformando o processo de ensino-aprendizagem. Espero ter atendido as suas perguntas. Obrigada.
    Att.
    Jessica Caroline de Oliveira.

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  6. Bom dia Jessica, parabéns pelo texto. Infelizmente em nosso país o estudo da história local praticamente é inexistente nas nossas escolas, sejam elas públicas ou particulares. Estou cursando licenciatura em história e durante meus estágios me deparei com esta realidade, a inexistência da valorização e utilização da história local nas escolas, onde a grande maioria dos alunos não conhece a história da comunidade nem do próprio município. Creio que esta desvalorização da historia local pode acabar causando o desinteresse dos alunos pelo ensino da história e até de outras disciplinas. Diante das dificuldades impostas aos professores durante o processo ensino-aprendizagem, a falta de interesse dos alunos para com o ensino da história em geral poderia ser diminuída com a valorização da historia local, inserindo os alunos no contexto histórico regional e nacional. A falta de interesse dos próprios alunos acaba por dificultar as estratégias para a utilização da história local como ferramenta que facilite o processo de aprendizagem dos mesmos. Sendo assim, você indicaria alguma estratégia para, por meio do estudo da história local, fazer com que os alunos se sintam como agentes participativos do processo histórico aumentando o interesse dos mesmo pelo ensino da história?

    Att Sídnei Alves Delleprane

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  7. Olá Jéssica. Parabéns pelo trabalho. Peço a gentileza de comentar se for possível, sobre a História local de Porto União e sua proximidade com a História de União da Vitória. É possível fazer distinções? Você pode perceber nos alunos se esta divisão histórica está presente na consciência histórica deles, ou ainda há certa unidade histórica na memória socialmente construída. Muito Obrigado. Gerson Luiz Buczenko.

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    1. Boa tarde, Gerson. Grata pela sua participação e leitura ao texto. Então, penso que depende do seu ponto de partida para trabalhar a história local, pois quando vou falar de Porto União, levo as turmas no Vau do Iguaçu e a outros lugares de memória que ficam em União da Vitória, afinal, Porto União só passa a existir após o acordo de limites estabelecidos no fim da Guerra do Contestado. Ou seja, como abordar o início e desenvolvimento populacional, por exemplo, a partir do fim desde conflito, ou sem contextualizar os processos de imigração, configurações sociais e culturais? Mas, minha fala se trata de 'início' e 'desenvolvimento', entende? Se fosse falar de algo específico das décadas de 40 ou 60, e não almejasse os elementos acima, possivelmente falaria de Porto União sem ficar retomando a União da Vitória. Depende muito do que irá pesquisar ou abordar enquanto história local.
      Espero ter respondido sua pergunta. Sei que não ficou bem clara, mas podemos ir conversando conforme você trouxer mais dúvidas.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira.

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  8. Na sua opinião a educação patrimonial seria um bom caminho para inserir a história local no ensino de história? Grato, Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Boa tarde, Marlon. Obrigada pela participação e leitura do texto. Acredito que sim, eu utilizo bastante de bens patrimoniais nas discussões de História Local, inclusive, para fomentar o respeito e salvaguarda do bem. E também porque oportuniza o contato prático e direto com algo material ou imaterial, saindo um pouco da sala de aula.
      Espero ter respondido sua pergunta.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

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  9. Oi Jessica! Tudo bem? Adorei seu texto, teria sido ótimo se eu tivesse lido no momento em que escrevi meu TCG! Estudei em minha cidade, para meu trabalho final, um clube de futebol quase centenário, que mesmo tendo um plantel e participando do campeonato do estado, era invisível frente a sociedade. E conforme fui aprofundando a pesquisa, percebi como o "reconhecimento" e o "pertencimento" formam no cidadão (ou no seu caso, no aluno) um início de consciência histórica. Conversando com meu orientador, vi que no momento so pude me ater a teoria (e a dissertação). Mas tenho planos de através de oficinas, palestras ou visitas, levar alunos do fim do ensino fundamental, a conhecer um pouco mais sobre um patrimônio histórico local. Durante o tempo em que você ministrou essas reflexões, quais foram as reações dos alunos sobre serem ou poderem ser "agentes históricos"? E quais os primeiros passos, além das leituras, para uma primeira aproximação em que eu tenha com os educandos? Mais uma vez, ótimo texto! Obrigado!

    Matheus Valduga Martins

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    1. Boa noite, obrigada pela participação. Era engraçada as reações, por exemplo, quando falávamos sobre as lendas locais, as crianças percebiam que haviam formas múltiplas de conhecer e contar as mesmas.Ou então, as experiências particulares em relação aos lugares de memória, em que haviam aquelas que eram marcadas por um batismo, pela figura do Monge João Maria, ou mero passeios no tocante ao Parque do Monge, cada qual querendo contar como foi, por que havia ido, qual o sentido do lugar na sua experiência, enfim, o modo como cada narrativa dialogava com a história. Logo, era estimulante para eles/elas poder contar as suas experiências e perceber que haviam pontos de intersecção nas suas histórias com colegas.

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  10. Prezada Jessica, parabéns pelo texto!! muito interessantes. Tenho refletido sobre a temática e considero muito interessante o trabalho com o patrimônio. Gostaria de saber, se pretende trabalhar com fontes paroquiais e escolares? visto que assentos de batismos e casamentos, bem como registros escolares são fontes interessantes para serem trabalhadas em sala, visto a possibilidade de temas, como migração, constituição familiar, demografia, história da educação, etc.
    Att,
    Roberg J. dos Santos

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  11. Prezada Jessica, parabéns pelo texto!! muito interessantes. Tenho refletido sobre a temática e considero muito interessante o trabalho com o patrimônio. Gostaria de saber, se pretende trabalhar com fontes paroquiais e escolares? visto que assentos de batismos e casamentos, bem como registros escolares são fontes interessantes para serem trabalhadas em sala, visto a possibilidade de temas, como migração, constituição familiar, demografia, história da educação, etc.
    Att,
    Roberg Januário dos Santos

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    1. Boa noite. Obrigada pela pergunta. Na verdade, não utilizo este tipo de fonte. Em geral, solicito entrevistas, pesquisas, fotografias, objetos pessoais que possam contar a história individual discente e buscar pensar de que forma tais fontes podem dialogar com a história local, ou com a memória coletiva.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Cara Jessica Caroline de Oliveira, parabéns pelo texto! Ha três anos coordeno projetos de pesquisa acerca da História Local e Regional no Ensino de História no Sul e Sudeste do Estado do Pará. Temos realizado pesquisas e publicações acerca desta área temática, pois compreendemos as potencialidades da História Local visto que “O local e o cotidiano do aluno constituem e são constitutivos de importantes dimensões do viver – logo, podem ser problematizados, tematizados e explorados no dia da sala de aula, com criatividade, a partir de diferentes situações, fontes e linguagens” (FONSECA, 2012, p. 241). Contudo, uma das preocupações que tem nos inquietado como professores e pesquisadores é como associar os temas e debates propostos pelo currículo oficial presente nos livros didáticos com as temáticas de cunho local e regional a ser trabalhada em sala de aula?
    Atenciosamente,
    Lucilvana Ferreira Barros

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    1. Boa noite, obrigada pela participação no meu texto.
      Então, o projeto desenvolvidos com as turmas de 6ºanos partem justamente da premissa de dialogar com os conteúdos do currículo, ainda que a história local em si, não faça parte dele, no sentido de pensar a formação, desenvolvimento, transformação e permanências na sociedade local, tal como se fala das civilizações da Antiguidade, Egito, Grécia, Roma... Isto é, estudamos estes povos, mas como se deu estes processos na nossa cidade? Entende? Eu utilizo dos mesmos elementos que discorrem sobre a antiguidade e reelaboro a partir do local, dos lugares de memória e da conscientização patrimonial. Espero ter respondido sua pergunta.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

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